Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 30 de outubro de 2022

“Jesus ama os ricos”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido". (Lc19,10)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 19,1-10 (Jesus e Zaqueu). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 Outubro 2022

JESUS ​​AMA OS RICOS

O encontro de Jesus com o rico Zaqueu é uma história bem conhecida. A cena foi elaborada por Lucas, talvez preocupado com a dificuldade que algumas famílias ricas encontraram para se integrar nas primeiras comunidades cristãs.

Zaqueu é um homem rico bem conhecido em Jericó. «Pequeno em estatura», mas poderoso «chefe dos coletores» que controlam a passagem de mercadorias num importante cruzamento. Ele não é um cara querido. As pessoas o consideram um "pecador", excluído da Aliança. Ele vive explorando os outros. "Ele não é filho de Abraão."

No entanto, este homem quer ver "quem é Jesus". Já ouviu falar dele, mas não o conhece. Ele não se importa em fazer papel de bobo agindo de uma maneira que não condiz com sua dignidade: como qualquer outra criança, ele "corre" para passar na frente de todos e "sobe uma figueira". Ele procura apenas "ver" Jesus. Provavelmente nem ele mesmo sabe que busca a paz, a verdade, um sentido mais digno para sua vida.

Quando Jesus chega a esse ponto, ele "levanta os olhos" e vê Zaqueu. A história sugere uma troca de olhares entre o profeta defensor dos pobres e aquele rico explorador. Jesus o chama pelo nome: «Zaqueu, desce depressa». Não há necessidade de perder mais tempo. "Hoje eu tenho que ficar em sua casa e estar com você." Jesus quer entrar no mundo deste homem rico.

Zaqueu abre a porta de sua casa com alegria. Ele o deixa entrar em seu mundo de dinheiro e poder, enquanto todos em Jericó criticam Jesus por ter entrado na "casa de um pecador".

Ao entrar em contato com Jesus, Zaqueu muda. Ele começa a pensar nos “pobres”: ele compartilhará seus bens com eles. Ele se lembra daqueles que são vítimas de seu negócio: ele vai mais do que devolver o que roubou deles. E deixa Jesus escrever em sua vida a verdade, a justiça e a compaixão. Zaqueu se sente diferente. Com Jesus tudo é possível.

Jesus se alegra porque a "salvação" também chegou àquela casa poderosa e rica. É para isso que ele veio: "buscar e salvar o que está perdido". Jesus é sincero: perde-se a vida de quem é escravo do dinheiro. Vidas, vidas sem verdade, sem justiça e sem compaixão para com quem sofre. Mas Jesus ama os ricos. Ele não quer que nenhum deles estrague sua vida. Todo homem rico que o deixar entrar em seu mundo experimentará seu poder salvador.

31 Tempo Comum - C

(Lucas 19,1-10)

30 de outubro

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 22 de outubro de 2022

“Desconcertante”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.”
(Lc 18, 13-14)

Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 18,9-14 (O fariseu e o publicano). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

20 Outubro 2022

Desconcertante

Foi uma das parábolas mais intrigantes de Jesus. Um fariseu piedoso e um cobrador de impostos sobem ao templo para orar. Como Deus reagirá a duas pessoas cujas vidas morais e religiosas são tão diferentes e opostas?

O fariseu reza em pé, seguro e sem medo. Sua consciência não o acusa de nada. Ele não é hipócrita. O que ele diz é verdade. Ele cumpre fielmente a Lei, e até a superou. Ele não leva crédito para si mesmo, mas agradece a Deus por tudo: "Ó Deus, eu te agradeço". Se este homem não é um santo, quem ele vai ser? Certamente você pode contar com a bênção de Deus.

O cobrador de impostos, por outro lado, retirou-se para um canto. Ele não se sente confortável naquele lugar sagrado. Não é o seu lugar. Ele nem ousaria levantar os olhos do chão. Ele bate no peito e reconhece seu pecado. Não promete nada. Você não pode deixar seu emprego ou devolver o que roubou. Você não pode mudar sua vida. Só lhe resta entregar-se à misericórdia de Deus: «Ó Deus, tem piedade de mim, pecador». Ninguém gostaria de estar no lugar dele. Deus não pode aprovar sua conduta.

De repente, Jesus conclui sua parábola com uma contínua desconcertante: "Digo-vos que este publicano voltou para casa justificado, e aquele fariseu não." Os ouvintes quebram todos os seus esquemas. Como você pode dizer que Deus não reconhece o piedoso e, ao contrário, concede sua graça ao pecador? Jesus não está brincando com fogo? É verdade que, no fundo, o decisivo não é a vida religiosa, mas a insondável misericórdia de Deus?

Se o que Jesus diz é verdade, diante de Deus não há segurança para ninguém, por mais santos que pensem que são. Todos nós temos que recorrer à sua misericórdia. Quando você se sente bem consigo mesmo, você apela para sua própria vida e não sente necessidade de mais. Quando alguém é acusado por sua consciência e incapaz de mudar, ele sente apenas a necessidade de se valer da compaixão de Deus, e somente compaixão.

Há algo fascinante em Jesus. Sua fé na misericórdia de Deus é tão desconcertante que não é fácil acreditar nele. Provavelmente, aqueles que melhor podem entendê-lo são aqueles que não têm forças para deixar sua vida imoral. 

30 Tempo Comum - C

(Lucas 18,9-14)

23 de outubro

Jose Antonio Pagola 

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook