Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 15 de outubro de 2022

“Deus não é imparcial”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" (Lc 18, 6-8)

Abaixo, uma boa e muito atual reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 18,1-8 (A parábola da viúva persistente). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Outubro 2022

DEUS NÃO É IMPARCIAL

A parábola de Jesus reflete uma situação bastante comum na Galiléia de seu tempo. Um juiz corrupto despreza arrogantemente uma pobre viúva que pede justiça. O caso da mulher parece desesperador, pois ela não tem homem para defendê-la. Ela, porém, longe de se resignar, continua a gritar seus direitos. Só no final, incomodado com tanta insistência, o juiz acaba por escutá-la.

Lucas apresenta a história como uma exortação a rezar sem "desanimar", mas a parábola contém uma mensagem anterior, muito querida por Jesus. Este juiz é a "anti-metáfora" de Deus, cuja justiça consiste precisamente em ouvir os pobres mais vulneráveis.

O símbolo da justiça no mundo greco-romano era uma mulher que, com os olhos vendados, proferiu um veredicto supostamente "imparcial". De acordo com Jesus, Deus não é esse tipo de juiz imparcial. Ele não está com os olhos vendados. Ele conhece muito bem as injustiças que são cometidas contra os fracos e sua misericórdia o faz inclinar-se a favor delas.

Essa "parcialidade" da justiça de Deus para com os fracos é um escândalo para nossos ouvidos burgueses, mas deve ser lembrado, porque na sociedade moderna há outra "parcialidade" de sinal contrário: a justiça favorece mais os poderosos do que os fracos. Como Deus pode não estar do lado daqueles que não podem se defender?

Pensamo-nos progressistas defendendo teoricamente que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos", mas todos sabemos que isso é falso. Para gozar de direitos reais e efetivos, é mais importante nascer em um país poderoso e rico do que ser uma pessoa em um país pobre.

As democracias modernas se preocupam com os pobres, mas o centro de suas atenções não são os indefesos, mas o cidadão em geral. Na Igreja se esforçam para aliviar a sorte dos desamparados, mas o centro de nossas preocupações não é o sofrimento dos últimos, mas a vida moral e religiosa dos cristãos. É bom que Jesus nos lembre que são os seres mais desamparados que ocupam o coração de Deus.

Seu nome nunca aparece nos jornais. Ninguém dá lugar a eles em lugar nenhum. Não têm títulos ou contas correntes invejáveis, mas são grandes. Eles não têm muita riqueza, mas têm algo que o dinheiro não pode comprar: bondade, hospitalidade, ternura e compaixão para com os necessitados.

29 Tempo Comum - C

(Lucas 18,1-8)

16 de outubro

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

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