Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 31 de março de 2023

“Carregar a cruz”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Domingo de Ramos.


“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: <Tomem e comam; isto é o meu corpo>. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: <Bebam dele todos vocês>.” (Mt 26, 26-27)

 

Domingo de Ramos

 

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 26,14–27,66 (A Última Ceia). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

30/03/2023

CARREGAR A CRUZ

O que nos torna cristãos é seguir Jesus. Nada mais. Este seguimento de Jesus não é algo teórico ou abstrato. Significa seguir os seus passos, comprometendo-nos como ele a “humanizar a vida”, e viver assim contribuindo para a realização do seu projeto de um mundo onde pouco a pouco reine Deus e a sua justiça.

Isso significa que os seguidores de Jesus são chamados a colocar a verdade onde há mentira, a introduzir a justiça onde há abuso e crueldade para com os mais fracos, a exigir compaixão onde há indiferença para com os que sofrem. E isso requer construir comunidades onde vivamos com o projeto de Jesus, com seu espírito e suas atitudes.

Seguir Jesus assim traz consigo conflitos, problemas e sofrimento. Devemos estar dispostos a suportar as reações e resistências daqueles que, por uma razão ou outra, não buscam um mundo mais humano, como quer aquele Deus encarnado em Jesus. Eles querem outra coisa.

Os evangelhos preservaram um chamado realista de Jesus para seus seguidores. O escandaloso da imagem só pode vir dele: "Se alguém quiser vir atrás de mim... carregue sua cruz nas costas e siga-me". Jesus não os engana. Se eles realmente o seguirem, terão que compartilhar seu destino. Eles vão acabar como ele. Essa será a melhor prova de que seu acompanhamento é fiel.

Seguir Jesus é uma tarefa emocionante: é difícil imaginar uma vida mais digna e nobre. Mas tem um preço. Para seguir Jesus é importante “fazer”: tornar o mundo mais justo e humano; tornar uma Igreja mais fiel a Jesus e mais coerente com o Evangelho. No entanto, é tão ou mais importante "sofrer": sofrer por um mundo mais digno; sofrem por uma Igreja mais evangélica.

No final da sua vida, o teólogo Karl Rahner escrevia assim: «Creio que ser cristão é a tarefa mais simples, a mais simples e, ao mesmo tempo, aquela pesada “carga leve” de que fala o evangelho. Quando você a carrega, ela carrega você, e quanto mais você vive, mais pesado e mais leve você se torna. No final, resta apenas o mistério. Mas é o mistério de Jesus».

Domingo de Ramos – A

(Mateus 26,14–27,66)

2 de abril

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook  


quinta-feira, 23 de março de 2023

“Nossa esperança”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

 


Disse-lhe Jesus: <Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?> Ela lhe respondeu: <Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo>”. (Jo 11,25-27)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 11, 1-45 (Jesus ressuscita o amigo Lázaro). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

23 Março 2023 

 NOSSA ESPERANÇA

O relato da ressurreição de Lázaro é incrível. Por um lado, Jesus nunca nos é apresentado como humano, frágil e cativante como neste momento em que morre um dos seus melhores amigos. Por outro lado, nunca somos tão diretamente convidados a acreditar em seu poder salvador: "Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, ainda que morra, viverá... Você acredita nisso?"

Jesus não esconde o seu amor por estes três irmãos de Betânia que certamente o acolhem em sua casa sempre que vem a Jerusalém. Um dia Lázaro adoece, e suas irmãs mandam um recado a Jesus: nosso irmão "a quem tanto amas" está doente. Quando Jesus chega à aldeia, Lázaro está enterrado há quatro dias. Ninguém pode trazê-lo de volta à vida.

A família está quebrada. Quando Jesus aparece, Maria começa a chorar. Ninguém pode confortá-la. Vendo os soluços da amiga, Jesus não se contém e também começa a chorar. Sua alma se parte ao sentir a impotência de todos diante da morte. Quem pode nos confortar?

Há em nós um desejo insaciável pela vida. Passamos dias e anos lutando para viver. Apegamo-nos à ciência e, sobretudo, à medicina para prolongar esta vida biológica, mas há sempre uma última doença da qual ninguém nos pode curar.

Nem nos serviria viver esta vida para sempre. Seria horrível um mundo envelhecido, cheio de velhos, com cada vez menos espaço para os jovens, um mundo em que a vida não se renovasse. O que desejamos é uma vida diferente, sem dor nem velhice, sem fome nem guerra, uma vida totalmente feliz para todos.

Hoje vivemos em uma sociedade que foi descrita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman como "uma sociedade de incerteza". Nunca o ser humano teve tanto poder para caminhar rumo a uma vida mais feliz. E, no entanto, talvez você nunca tenha se sentido tão impotente diante de um futuro incerto e ameaçador. O que podemos esperar?

Como os seres humanos de todos os tempos, também vivemos cercados pela escuridão. O que é a vida? O que é a morte? Como você tem que viver? Como você tem que morrer? Antes de ressuscitar Lázaro, Jesus diz a Marta estas palavras, que são um desafio decisivo para todos os seus seguidores: «Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá... Crês isto? ».

Apesar das dúvidas e obscuridades, os cristãos acreditam em Jesus, Senhor da vida e da morte. Somente nele buscamos luz e força para lutar pela vida e enfrentar a morte. Somente nele encontramos uma esperança de vida além da vida.

5 Quaresma – A

(João 11,1-45)

26 de março

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sexta-feira, 17 de março de 2023

“Caminhos para a fé”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

<Jesus soube que o tinham expulsado e, havendo-o encontrado, perguntou-lhe: “Crês no Filho do Homem?”. Respondeu ele: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?”. Disse-lhe Jesus: “Tu o vês, é o mesmo que fala contigo!”. “Creio, Senhor” – disse ele. E, prostrando-se, o adorou. Jesus então disse: “Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos”.> (Jo 9, 35-39)

Hoje temos uma reflexão muito boa, que tem como pano de fundo o texto bíblico,  bem conhecido, João 9,1-41 (A cura do cego de nascença). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado no site  do IHU.

Vale a pena conferir!

WCejnóg


 Por José Antonio Pagola

15 Março 2023

CAMINHOS PARA A FÉ

A história é inesquecível. É tradicionalmente chamada de "cura do cego de nascença", mas é muito mais, pois o evangelista nos descreve o caminho interior que faz um homem perdido nas trevas até encontrar Jesus, "Luz do mundo".

Não sabemos o nome dele. Sabemos apenas que é um mendigo, cego de nascença, que pede esmola fora do Templo. Ele não conhece a luz. Ele nunca a viu. Ele não pode andar ou se orientar. Sua vida passa na escuridão. Você nunca pode conhecer uma vida digna.

Um dia Jesus passa por sua vida. O cego é tão carente que lhe deixa trabalhar em seus olhos. Ele não sabe quem é, mas confia em seu poder de cura. Seguindo suas instruções, ele limpa o olhar no tanque de Siloé e, pela primeira vez, começa a ver. O encontro com Jesus mudará sua vida.

Os vizinhos o veem transformado. É o mesmo, mas parece diferente para eles. O homem explica sua experiência para eles: "Um homem chamado Jesus" o curou. Ele não sabe mais. Ele não sabe quem é e onde está, mas abriu seus olhos. Jesus faz bem mesmo a quem o reconhece apenas como homem.

Os fariseus, entendidos na religião, pedem-lhe todo tipo de explicação sobre Jesus. Ele conta a eles sobre sua experiência: "Só sei uma coisa: que eu era cego e agora vejo". Perguntam-lhe o que pensa de Jesus, e ele diz-lhes o que sente: «É um profeta». O que ele recebeu dele é tão bom que esse homem tem que vir de Deus. É assim que muitas pessoas simples vivem a sua fé em Jesus. Eles não conhecem teologia, mas sentem que este homem vem de Deus.

Pouco a pouco, o mendigo é deixado sozinho. Seus pais não o defendem. Os líderes religiosos o expulsam da sinagoga. Mas Jesus não abandona aqueles que o amam e o buscam. "Quando soube que havia sido expulso, foi procurá-lo." Jesus tem seus caminhos para ir ao encontro daqueles que o buscam. Ninguém pode pará-lo.

Quando Jesus encontra aquele homem que ninguém parece compreender, faz-lhe apenas uma pergunta: «Crês no Filho do Homem?» Crês no Homem novo, no Homem plenamente humano, precisamente porque é a encarnação do insondável mistério de Deus?  O mendigo está pronto para acreditar, mas se vê mais cego do que nunca: "E quem é ele, Senhor, para que eu acredite nele?"

Jesus diz-lhe: «Tu o estás a ver: aquele que está a falar contigo». Os olhos do cego agora estão abertos. Ele se prostra diante de Jesus e diz: "Eu creio, Senhor". Só ouvindo Jesus e deixando-nos conduzir interiormente por Ele, caminhamos para uma fé mais plena e também mais humilde.

4 Quaresma – A

(João 9,1-41)

19 de março

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

 

Fonte: Facebook