Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

“O amor se aprende”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

“Respondeu Jesus: <O mais importante é este: 'Ouça, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças>. O segundo é este: <Ame o seu próximo como a si mesmo>. Não existe mandamento maior do que estes".   (Mc 12, 29-31)

 

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito oportuna e importante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Mc 12, 28-34 (O mandamento mais importante).

O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.

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IHU – ADITAL

29 Outubro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 12,28-34, que corresponde ao 31º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

O amor se aprende 

Quase ninguém pensa que o amor é algo que se vá aprendendo pouco a pouco ao longo da vida. A maioria assume que o ser humano sabe amar espontaneamente. Por isso, se podem detectar tantos erros e tanta ambiguidade nesse mundo misterioso e atraente do amor.

Há quem pense que o amor consiste fundamentalmente em ser amado e não em amar. Por isso, passam a vida esforçando-se por conseguir que alguém os ame. Para essas pessoas, o importante é ser atraente, ser agradável, ter uma conversa interessante, fazer-se querer. Em geral, acabam por ser bastante infelizes.

Outros estão convencidos de que amar é algo simples, e que o difícil é encontrar pessoas agradáveis às quais se possa querer. Só se aproximam de quem lhes parece simpático. Assim que não encontram a resposta apetecida, o seu «amor» desaparece.

Há aqueles que confundem o amor com o desejo. Reduzem tudo a encontrar alguém que satisfaça o seu desejo de companhia, afeto ou prazer. Quando dizem «te amo», na realidade estão dizendo «te desejo», «me apeteces».

Quando Jesus fala do amor a Deus e ao próximo como a coisa mais importante e decisiva da vida, está pensando em outra coisa. Para Jesus, o amor é a força que move e faz crescer a vida, pois pode libertar-nos da solidão e da separação para nos fazer entrar na comunhão com Deus e com os outros.

Mas, concretamente, esse «amar o próximo como a si mesmo» requer uma verdadeira aprendizagem, sempre possível para quem tem Jesus como Mestre.

A primeira tarefa é aprender a escutar o outro. Procurar entender o que vive. Sem essa escuta sincera dos seus sofrimentos, necessidades e aspirações, não é possível o amor verdadeiro.

A segunda é aprender a dar. Não há amor onde não há entrega generosa, doação desinteressada, presente. O amor é todo o contrário de acumular, apropriar-se do outro, usá-lo, aproveitar-se dele.

Por último, amar exige aprender a perdoar. Aceitar o outro com as suas debilidades e a sua mediocridade. Não retirar rapidamente a amizade ou o amor. Oferecer uma e outra vez a possibilidade de reencontro. Devolver o bem pelo mal.

Fonte: IHU - Comentário do Evangelho

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

“Amor Rendido”. – Texto de Gilson Oliveira: prosa e poema num só conto. Lindo!

 

Trago hoje para este espaço o lindo texto “Amor Rendido”, de autoria do escritor e poeta mineiro Gilson José Oliveira. O texto foi publicado na Coluna Social do Portal Zona da Mata News, no dia 25 de Outubro de 2021.

Parabenizo aqui o autor por esse belo texto e, por considerá-lo muito interessante e todo especial, quero contribuir um pouco para a sua divulgação. Não deixe de ler!

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Portal Zona da Mata News

25/10/2021

Por: Gilson Oliveira 

Amor Rendido

Não me engano. Meu coração não é de todo insano.

 

Pois ainda agora sei que te amo, tanto quanto te amei nas tortas trilhas o tempo todo. Sempre teu o tempo todo do amor, essa história empoeirada a ser sacudida. Nosso encontro sob a fruta de conde, madura, minha coragem de escalar o mais íngreme e espinhoso caminho pra te amar, ou dizer do meu claro amor. A canção, a estrada, o mar, as pedras, a escada, o mundo e nós no mundo, entre os nós, os contra e os prós que nos estrangulam o que é desejo e clamor.

Teus olhos vertendo de água cristalina, olhar penetrante rompendo amarras, arrasando o coração inseguro, meu caso mais duro, minha paixão veemente, meu futuro, saltei um muro farpado para o vazio do mundo negado, onde o nada é algo e o algo é nada, tanto faz. Tudo sem sentido se amor não há. E o sentir do amor, onde está? Mundo bruto, impenetrável, indecifrável, se não te tivesse por razão do amor mais fundo.

Mundo que me deu carona sem que pedisse e me deixa numa esquina quando se cansar de minha companhia, quando não prestar para seu giro, sua órbita, ou quando simplesmente me apodrecer toda matéria. O amor às traças? Mas terão sido tantas taças! Qual a graça? Ou se cai em desgraça?

O que é da consciência depois da decomposição de mim? Dos restos além dos ossos ajuntados na cidade de mortos? Inútil a entrega, a refrega, com seus cansaços, seus maus pedaços, traços de sal e sol a razão e o porquê dos espaços.

Não me engano. Meu coração não é de todo insano. Tenho uma janela para o delírio, às vezes a tranco, outras vezes arreganho, nem tanto apolíneo, nem tanto dionisíaco, sou menino, puro, isso asseguro, e se o equilíbrio não presta, pode ser um furo por onde entram vespas com seus óvulos de infestação da maldade desse disco rígido e duro.

Coração menino, amor ingênuo que carrego na palma da mão. Não verga, não quebra, não espatifa ao chão. Não sei, não sou, vagueio respirando o que sobrou ileso das maldades impuras da civilização.

Para onde vou? Também não sei. Tive fé. Tive fezes. Tive revezes, plurais encruzilhadas em que perdi o trem, cavalos encilhados, enfeitados, alados, não pulei, não foi medo de queda, sempre disseram que cavalos eram para os outros, eu cri e se deram bem. Pelo menos por aqui. Do depois, também não sei. Nem sei se existirá um depois, depois do depois, se ex-isto ou à quilo, não decifro quem se dará bem?

Resta o agora, o coração vazio de resíduos, desacumulado de ressentimentos, sem taramelas, arreganhadas janelas a me ver passar. E esse amor ajuntado e rendido que reservo intacto pra te dar.

 

Fonte: Portal Zona da MataNews