Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

“Amor Rendido”. – Texto de Gilson Oliveira: prosa e poema num só conto. Lindo!

 

Trago hoje para este espaço o lindo texto “Amor Rendido”, de autoria do escritor e poeta mineiro Gilson José Oliveira. O texto foi publicado na Coluna Social do Portal Zona da Mata News, no dia 25 de Outubro de 2021.

Parabenizo aqui o autor por esse belo texto e, por considerá-lo muito interessante e todo especial, quero contribuir um pouco para a sua divulgação. Não deixe de ler!

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Portal Zona da Mata News

25/10/2021

Por: Gilson Oliveira 

Amor Rendido

Não me engano. Meu coração não é de todo insano.

 

Pois ainda agora sei que te amo, tanto quanto te amei nas tortas trilhas o tempo todo. Sempre teu o tempo todo do amor, essa história empoeirada a ser sacudida. Nosso encontro sob a fruta de conde, madura, minha coragem de escalar o mais íngreme e espinhoso caminho pra te amar, ou dizer do meu claro amor. A canção, a estrada, o mar, as pedras, a escada, o mundo e nós no mundo, entre os nós, os contra e os prós que nos estrangulam o que é desejo e clamor.

Teus olhos vertendo de água cristalina, olhar penetrante rompendo amarras, arrasando o coração inseguro, meu caso mais duro, minha paixão veemente, meu futuro, saltei um muro farpado para o vazio do mundo negado, onde o nada é algo e o algo é nada, tanto faz. Tudo sem sentido se amor não há. E o sentir do amor, onde está? Mundo bruto, impenetrável, indecifrável, se não te tivesse por razão do amor mais fundo.

Mundo que me deu carona sem que pedisse e me deixa numa esquina quando se cansar de minha companhia, quando não prestar para seu giro, sua órbita, ou quando simplesmente me apodrecer toda matéria. O amor às traças? Mas terão sido tantas taças! Qual a graça? Ou se cai em desgraça?

O que é da consciência depois da decomposição de mim? Dos restos além dos ossos ajuntados na cidade de mortos? Inútil a entrega, a refrega, com seus cansaços, seus maus pedaços, traços de sal e sol a razão e o porquê dos espaços.

Não me engano. Meu coração não é de todo insano. Tenho uma janela para o delírio, às vezes a tranco, outras vezes arreganho, nem tanto apolíneo, nem tanto dionisíaco, sou menino, puro, isso asseguro, e se o equilíbrio não presta, pode ser um furo por onde entram vespas com seus óvulos de infestação da maldade desse disco rígido e duro.

Coração menino, amor ingênuo que carrego na palma da mão. Não verga, não quebra, não espatifa ao chão. Não sei, não sou, vagueio respirando o que sobrou ileso das maldades impuras da civilização.

Para onde vou? Também não sei. Tive fé. Tive fezes. Tive revezes, plurais encruzilhadas em que perdi o trem, cavalos encilhados, enfeitados, alados, não pulei, não foi medo de queda, sempre disseram que cavalos eram para os outros, eu cri e se deram bem. Pelo menos por aqui. Do depois, também não sei. Nem sei se existirá um depois, depois do depois, se ex-isto ou à quilo, não decifro quem se dará bem?

Resta o agora, o coração vazio de resíduos, desacumulado de ressentimentos, sem taramelas, arreganhadas janelas a me ver passar. E esse amor ajuntado e rendido que reservo intacto pra te dar.

 

Fonte: Portal Zona da MataNews

Um comentário:

  1. Obrigado, Walenty. Você é mesmo coração valente. Vale muito na bolsa da amizade, da consideração, da capacidade de fazer o bem. Agradeço muito muito muito...

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