“Novamente Jesus disse: "Paz seja com vocês! Assim como
o Pai me enviou, eu os envio". E
com isso, soprou sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo. Se
perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não
estarão perdoados". (Jo 20, 21-23)
Abaixo, uma reflexão muito relevante e concreta atualmente, que tem como pano de fundo o texto bíblico João 20,19-31 (Jesus aparece duas vezes aos discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
ARGILA ANIMADA PELO ESPÍRITO
João cuidou muito bem da cena em que Jesus vai confiar sua missão aos seus discípulos. Ele quer deixar claro o que é essencial. Jesus está no centro da comunidade, enchendo todos com sua paz e alegria. Mas os discípulos têm uma missão pela frente. Jesus não os convocou apenas para desfrutá-lo, mas para torná-lo presente no mundo.
Jesus os "envia". Ele não lhes diz especificamente a quem devem ir, o que devem fazer ou como devem agir: "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio". Sua tarefa é a mesma de Jesus. Eles não têm outro: aquele que Jesus recebeu do Pai. Eles têm que ser no mundo o que ele foi.
Já viram de quem ele se aproximou, como tratou os mais necessitados, como realizou seu projeto de humanização da vida, como plantou gestos de libertação e perdão. As feridas nas mãos e no flanco lembram sua total dedicação. Jesus agora os envia para "reproduzir" sua presença entre o povo.
Mas ele sabe que seus discípulos são frágeis. Mais de uma vez ele foi surpreendido por sua "pequena fé". Eles precisam de seu próprio Espírito para cumprir sua missão. É por isso que ele está prestes a fazer um gesto muito especial com eles. Ele não impõe as mãos sobre eles nem os abençoa, como fez com os doentes e os pequeninos: "Ele exala sobre eles o seu fôlego e lhes diz: Recebei o Espírito Santo".
O gesto de Jesus tem uma força que nem sempre sabemos captar. De acordo com a tradição bíblica, Deus formou Adão de "barro"; então ele soprou sobre ele seu "sopro de vida"; e essa lama tornou-se um "vivo". Esse é o ser humano: um pouco de barro encorajado pelo Espírito de Deus. E essa será sempre a Igreja: barro encorajado pelo Espírito de Jesus.
Crentes frágeis com pouca fé: cristãos de barro, teólogos de barro, padres e bispos de barro, comunidades de barro... Só o Espírito de Jesus nos torna uma Igreja viva. As áreas onde seu Espírito não é acolhido permanecem "mortas". Eles prejudicam a todos nós, porque nos impedem de realizar sua presença viva entre nós. Muitos não conseguem captar em nós a paz, a alegria e a vida renovadas por Cristo. Não devemos batizar somente com água, mas infundir o Espírito de Jesus. Não devemos apenas falar de amor, mas amar pessoas como ele.
2 Páscoa – C
(João 20,19-31)
24 de abril de 2022
Jose Antonio Pagola
goodnews@ppc-editorial.com
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário