“Assentando-se, Jesus
chamou os Doze e disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e
servo de todos". E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles.
Pegando-a nos braços, disse-lhes: 'Quem
recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe,
não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou' ." (Mc 9,35-37)
Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 9,30-37 (Quem é o maior?). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
- ADITAL
21
de Setembro de 2018
Por
que o esquecemos?”
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,30-37 que corresponde ao
25° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
A caminho de Jerusalém, Jesus
continua a instruir os seus discípulos sobre o final que o espera. Insiste uma
vez mais que será entregue aos homens e estes o matarão, mas Deus o
ressuscitará. Marcos diz que “Os discípulos não compreendiam o que Jesus estava
dizendo, e tinham medo de fazer perguntas”. Não é difícil adivinhar nestas
palavras a pobreza de muitos cristãos de todos os tempos. Não
entendemos Jesus e temos medo de aprofundar a sua mensagem.
Ao chegar a Cafarnaum, Jesus
pergunta-lhes: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?”
Os discípulos calam-se. Estão envergonhados. Marcos diz que, pelo caminho,
tinham discutido sobre quem era o mais importante. Certamente é vergonhoso ver
Jesus, que caminha para a cruz, acompanhado de perto por um grupo de discípulos
cheios de estúpidas ambições. O que discutimos hoje na Igreja enquanto dizemos
seguir Jesus?
Uma vez em casa, Jesus dispõe-se a
transmitir um ensinamento. Necessitam. Estas são as suas primeiras
palavras: “Quem quer ser o primeiro, que seja o último de todos e o que
está a serviço de todos”. No grupo
que segue Jesus, o que quer se sobressair e ser mais que o outro deve
colocar-se por último, no fim de todos; assim poderá ver o que necessitam e
poderá ser o servidor de todos.
A verdadeira grandeza consiste em
servir. Para Jesus, o primeiro não é o
que ocupa um cargo de importância, mas quem vive a servir e a ajudar os outros.
Os primeiros na Igreja não são as hierarquias, mas essas pessoas simples que
vivem ajudando a quem encontram no seu caminho. Não devemos esquecê-lo.
Para Jesus, a sua Igreja deveria ser
um espaço onde todos pensam no outro. Uma comunidade onde estejamos
atentos a quem mais nos pode necessitar. Não é sonho de Jesus. Para Ele é
tão importante que lhes põe um exemplo prático.
Senta-se e chama os seus
discípulos. Logo aproxima uma criança e coloca-a no meio de todos para
que fixem a sua atenção nela. No centro da Igreja apostólica deve estar
sempre essa criança, símbolo das pessoas débeis e desvalidas: os necessitados
de acolhimento, apoio e defesa. Não devem estar fora, longe da Igreja de Jesus.
Devem ocupar o centro da nossa atenção.
Logo Jesus abraça a criança. Quer que
os discípulos o recordem sempre assim: identificado com os débeis.
Entretanto diz-lhes: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, acolhe a
mim”. “E quem me recebe não está recebendo a mim, mas aquele que me enviou.”
O ensinamento de Jesus é claro: o
caminho para acolher Deus é acolher o seu Filho Jesus presente nos pequenos,
nos indefesos, nos pobres e desvalidos. Por que o esquecemos tanto? O
que está no centro da Igreja se já não está esse Jesus identificado com os
pequenos?
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