“Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mateus 18,19-20)
Hoje temos uma bonita reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 18,15-20 (Juntos, em nome de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
06 Setembro 2023
UMA IGREJA REUNIDA EM NOME DE JESUS
Quando se vive afastado da religião ou fica decepcionado com as ações dos cristãos, é fácil para a Igreja aparecer apenas como uma grande organização. Uma espécie de “multinacional” ocupada em defender e promover os seus próprios interesses. Essas pessoas geralmente só conhecem a Igreja de fora. Falam do Vaticano, criticam as intervenções da hierarquia, irritam-se com certas ações do papa. Para eles, a Igreja é uma instituição anacrônica da qual vivem longe.
Esta não é a experiência daqueles que se sentem membros de uma comunidade crente. Para eles, o rosto concreto da Igreja é quase sempre a sua própria paróquia. Aquele grupo de pessoas simpáticas que se reúne todos os domingos para celebrar a Eucaristia. Aquele ponto de encontro onde celebram a fé e rezam juntos a Deus. Aquela comunidade onde as crianças são batizadas ou os entes queridos se despedem até o encontro final na vida após a morte.
Para quem vive na Igreja buscando nela a comunidade de Jesus, a Igreja é quase sempre fonte de alegria e motivo de sofrimento. Por um lado, a Igreja é encorajamento e alegria; nela podemos vivenciar a memória de Jesus, ouvir a sua mensagem, traçar o seu espírito, alimentar a nossa fé no Deus vivo. Por outro lado, a Igreja causa sofrimento, porque nela observamos incoerências e rotina. Muitas vezes a distância entre o que se prega e o que se vive é demasiado grande; falta vitalidade evangélica. Em muitas coisas o estilo de Jesus se perdeu.
Esta é a maior tragédia da Igreja. Jesus já não é amado nem venerado como nas primeiras comunidades. Sua originalidade não é conhecida nem compreendida. Muitos nem suspeitarão da experiência salvadora vivida por aqueles que o encontraram pela primeira vez. Criamos uma Igreja onde muitos cristãos imaginam que, ao aceitarem certas doutrinas e cumprirem certas práticas religiosas, estão seguindo a Cristo como os primeiros discípulos.
E, no entanto, este é o núcleo essencial da Igreja. Viver a adesão a Cristo em comunidade, reatualizando a experiência de quem nele encontrou a proximidade, o amor e o perdão de Deus. Por isso, talvez, o texto eclesiológico mais fundamental sejam estas palavras de Jesus que lemos no Evangelho: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
A primeira tarefa da Igreja é aprender a “reunir-se em nome de Jesus”. Precisamos alimentar a sua memória, viver da sua presença, renovar a nossa fé em Deus, abrir hoje novos caminhos ao seu Espírito. Quando isso falta, tudo corre o risco de ser distorcido pela nossa mediocridade.
23 Tempo Comum – A
(Mateus 18:15-20)
10 de setembro
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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