Hoje
temos uma bela reflexão, esclarecedora, que tem como a base o texto bíblico Mateus 15,21-28 (A mulher Cananéia). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio
Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
16 de agosto de 2023
PEDIR COM FÉ
A oração de súplica tem sido alvo de fortes críticas ao longo dos anos. O homem iluminado dos tempos modernos não consegue se colocar em atitude de súplica diante de Deus, porque sabe que Deus não vai alterar o curso natural dos acontecimentos para atender aos seus desejos.
A natureza é "uma máquina" que funciona de acordo com as leis naturais, e o homem é o único ser que pode agir e transformar, apenas em parte, o mundo e a história com a sua intervenção.
Então a oração de súplica, de pedir, é deixada para trás para cultivar outras formas de oração como louvor, ação de graças ou adoração, que podem ser mais harmonizadas com o pensamento moderno.
Outras vezes, a súplica da criatura ao seu Criador é substituída pela meditação ou imersão da alma em Deus, mistério último da existência e fonte de toda a vida.
No entanto, a oração de súplica, tão polêmica por seus possíveis equívocos, é decisiva para expressar e viver pela fé nossa dependência de Deus como criaturas.
Não de estranhar que o próprio Jesus elogie a grande fé de uma mulher simples que sabe implorar com insistência a sua ajuda. Deus pode ser invocado em qualquer situação. Da felicidade e da adversidade; do bem-estar e do sofrimento.
O homem ou a mulher que eleva o seu pedido a Deus não se dirige a um Ser apático ou indiferente ao sofrimento das suas criaturas, mas a um Deus que sabe sair do esconderijo e manifestar a sua proximidade a quem lhe suplica.
Isso significa não usar Deus para alcançar nossos objetivos, mas buscar e pedir a proximidade de Deus naquela situação. E a experiência da proximidade de Deus não depende principalmente da realização dos nossos desejos.
O crente pode experimentar a proximidade de Deus de muitas maneiras, independentemente de como o nosso problema seja resolvido. Recordemos a sábia advertência de Santo Agostinho: «Deus escuta o vosso chamamento se o procurais. Ele não te ouve se, através dele, procuras outra coisa».
Este não é o tempo do cumprimento definitivo. O mal não está completamente derrotado. O orante experimenta a contradição entre a desgraça que sofre e a salvação definitiva prometida por Deus. Por isso, cada súplica e pedido concreto dirigido a Deus está sempre encerrado naquela grande súplica que o próprio Jesus nos ensinou: "Venha o teu reino", o reino da salvação e da vida definitiva.
20 Tempo Comum – A
(Mateus 15,21-28)
20 de agosto
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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