A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem
concreta e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Lc 13,
1-9 (Parábola da figueira que não
produz frutos).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
WCejnóg
IHU
– ADITAL
22
Março 2019
Antes
que seja tarde
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lc 13,1-9 que corresponde ao 3° Domingo
de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
Já tinha passado bastante tempo desde que Jesus se
tinha apresentado na Sua cidade de Nazaré como Profeta, enviado pelo Espírito
de Deus para anunciar aos pobres a Boa Nova. Continua repetindo incansavelmente
a sua mensagem: Deus já está próximo, abrindo caminho para fazer um mundo
mais humano para todos.
Mas é realista. Jesus sabe bem que Deus não pode
mudar o mundo sem que nós mudemos. Por isso esforça-se em despertar nas pessoas
a conversão: “Convertei-vos e acreditai nesta Boa Nova”. Esse
empenho de Deus em fazer um mundo mais humano será possível se respondermos
acolhendo o Seu projeto.
Vai passando o tempo e Jesus vê que as pessoas não
reagem à Sua chamada como seria o Seu desejo. São muitos os que vêm para o
ouvir, mas não se abrem ao “Reino de Deus”. Jesus vai insistir. É
urgente mudar antes que seja tarde demais.
A dada altura conta uma pequena parábola. O
proprietário de um terreno tem plantada uma figueira no meio da sua vinha. Ano
após ano, vem procurar frutas e não consegue encontrá-las. A sua decisão parece
a mais sensata: a figueira não produz frutos e está a ocupar inutilmente o
terreno, o mais razoável é cortá-la.
Mas o encarregado da vinha reage de forma inesperada.
Por que não a deixar ainda? Ele conhece aquela figueira, ele viu-a crescer,
cuidou-a, não a quer ver morrer. Ele mesmo dedicará mais tempo e mais cuidados,
para ver se dará frutos.
A história é interrompida abruptamente. A parábola
fica em aberto. O dono da vinha e o seu encarregado desaparecem de cena. É a
figueira que decidirá seu destino final. Entretanto receberá mais cuidados
do que nunca daquele agricultor que nos faz pensar em Jesus, “aquele que
veio para procurar e salvar o que foi perdido”.
O que precisamos hoje na Igreja não é apenas
introduzir pequenas reformas, promover o “aggiornamento” ou
cuidar da adaptação aos nossos tempos. Precisamos de uma conversão a um
nível mais profundo, um “coração novo”, uma resposta responsável e
decidida à chamada de Jesus para entrar na dinâmica do Reino de Deus.
Temos que reagir antes que seja tarde demais. Jesus
está vivo no meio de nós. Como o encarregado da vinha, Ele cuida das nossas
comunidades cristãs, cada vez mais frágeis e vulneráveis. Ele alimenta-nos
com o seu Evangelho, sustenta-nos com o seu Espírito.
Devemos olhar para o futuro com esperança, ao mesmo
tempo que vamos criando esse novo clima de conversão e renovação que tanto
necessitamos e que os decretos do Concílio Vaticano não conseguiram até agora
consolidar na Igreja.
Fonte:
IHU – Comentário do Evangelho
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