"Pessoas
virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão os seus lugares à
mesa no Reino de Deus. De fato, há últimos que serão primeiros, e primeiros que
serão últimos". (Lc 13, 29-30)
Hoje
trago para este blog, mais uma excelente reflexão, muito concreta e atual, de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Como pano de
fundo há o texto bíblico Lc 13, 22-30 (A porta estreita).
Foi
publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
23
Agosto 2019
Confiança
sim, frivolidade, não
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 13, 22-30, que
corresponde ao 21° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A sociedade moderna vai impondo cada vez mais
força, um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Pouco
interessam as grandes questões da existência. Já não temos certezas firmes ou
convicções profundas. Pouco a pouco, estamos convertendo-nos em seres triviais,
carregados de tópicos, sem consistências interiores nem ideais que alentem o
nosso viver diário, para além do bem-estar e da segurança do momento.
É muito significativo observar a atitude
generalizada de muitos cristãos diante da questão da «salvação eterna»
que tanto preocupava há não muitos anos: muitos a apagaram, sem mais, da sua
consciência; alguns ainda sentem-se com direito a um «final feliz»; outros já
não pensam nem em prêmios ou castigos.
Segundo o relato de Lucas, um desconhecido faz a
Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: «Serão poucos os que
se salvam?». Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa
especular sobre esse tipo de questões, tão queridas por alguns mestres da
época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos agir para
não sermos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita».
Estas são as suas primeiras palavras. Deus abre-nos a todos a porta da vida
eterna, mas devemos esforçar-nos e trabalhar para entrar por ela. Esta é a
atitude saudável. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e
falsas seguranças, não.
Jesus insiste, acima de tudo, em não nos enganar
com falsas seguranças. Não é suficiente pertencer ao povo de Israel; não
é suficiente ter conhecido pessoalmente Jesus nos caminhos da Galileia. O
decisivo é entrar desde agora no reino de Deus e da Sua justiça. De fato,
aqueles que são deixados de fora do banquete final são, literalmente, «aqueles
que praticam a injustiça».
Jesus convida à
confiança e à responsabilidade.
No banquete final do reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e
profetas de Israel. Estarão também pagãos vindos de todos os cantos do mundo.
Estar dentro ou estar fora depende de como cada um deles responde à salvação
que Deus oferece a todos.
Jesus termina com um provérbio que resume sua mensagem.
Em relação ao reino de Deus, «há últimos que serão os primeiros e primeiros que
serão os últimos». Sua advertência é clara. Alguns que se sentem seguros de
serem admitidos podem ficar de fora. Outros que parecem excluídos de antemão
podem ficar dentro.
Fonte: IHU – Comentário do Evangelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário