"Jesus
continuou: - Eu vim para pôr fogo na terra
como eu gostaria que ele já estivesse aceso!”. (Lc 12, 49)
Hoje, uma excelente reflexão, muito concreta e
atual. Como pano de fundo tem o texto
bíblico Lc 12, 49-52 (O ‘fogo’ que divide). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Considero esta reflexão como uma boa oportunidade para conhecermos mais e entendermos
melhor as palavras bíblicas que não raramente apresentam-se difíceis para a
nossa compreensão.
No Brasil a Igreja celebra neste dia a Solenidade da
Assunção da Virgem Maria.
Vale a
pena ler!
WCejnóg
IHU - ADITAL
16 Agosto 2019
Sem fogo não é possível
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
segundo Lucas 12, 49-53, que corresponde ao 20° Domingo do Tempo Comum,
ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto. No Brasil celebra-se, neste domingo, a Solenidade da Assunção da Virgem
Maria.
Eis o texto
Num estilo claramente profético, Jesus
resume toda sua vida com umas palavras insólitas: “Eu vim para lançar fogo
sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso!”. De que está a falar
Jesus? O caráter enigmático da sua linguagem leva os exegetas a procurar a
resposta em diferentes direções. De qualquer caso, a imagem do “fogo”
convida-nos a nos aproximarmos do Seu mistério de forma mais ardente e
apaixonada.
O fogo que arde no seu interior é a paixão
por Deus e a compaixão pelos que sofrem. Jamais poderá ser revelado esse amor
insondável que anima toda sua vida. Seu mistério nunca ficará encerrado em
fórmulas dogmáticas nem em livros de sábios. Ninguém escreverá um livro definitivo
sobre ele. Jesus atrai e queima, perturba e purifica. Ninguém poderá
segui-lo com o coração apagado ou com piedade entediada.
Sua palavra faz arder os corações.
Oferece-se amistosamente aos mais excluídos, desperta a esperança nas
prostitutas e confia nos pecadores mais desprezados, luta contra tudo o que faz
mal ao ser humano. Combate os formalismos religiosos, os rigores desumanos e as
interpretações estreitas da lei. Nada nem ninguém podem acorrentar a sua
liberdade para fazer o bem. Nunca poderemos segui-Lo, vivendo na rotina
religiosa ou no convencionalismo “do correto”.
Jesus inflama conflitos, não os apaga. Não
veio trazer falsa tranquilidade, mas tensões, confrontos e divisões. Na
verdade, introduz o conflito no nosso próprio coração. Não podemos defender-nos
da sua chamada por detrás do escudo dos ritos religiosos ou das práticas
sociais. Nenhuma religião nos protegerá do seu olhar. Nenhum agnosticismo nos
libertará de seu desafio. Jesus está a chamar-nos para viver em verdade e amar
sem egoísmo.
Seu fogo não se extinguiu após mergulhar nas águas
profundas da morte. Ressuscitado para uma vida nova, seu Espírito
continua a arder ao longo da história. Os discípulos de Emaús sentem arder nos
seus corações quando ouvem suas palavras enquanto caminham junto a eles.
Onde é possível sentir hoje esse fogo de Jesus?
Onde podemos experimentar a força de sua liberdade criadora? Quando ardem os
nossos corações ao acolher seu evangelho? Onde se vive de forma apaixonada
seguindo seus passos? Embora a fé cristã parecesse extinguir-se hoje entre nós,
o fogo trazido por Jesus ao mundo continua a arder sob as cinzas. Não
podemos deixar que se apague. Sem fogo no coração, não é possível seguir Jesus.
Fonte: IHU – Comentário doEvangelho
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