Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

“Não há nada mais necessário”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". (Lc 10, 41-42)



A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Lc 10, 38-42 (Jesus visita Marta e Maria). Excelente ajuda para quem procura entender melhor as mensagens bíblicas.

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Vale a pena ler.

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 IHU – ADITAL

19Julho 2019



Não há nada mais necessário



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 10,38-42, que corresponde ao 16° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



O episódio é algo surpreendente. Os discípulos que acompanham Jesus desapareceram de cena. Lázaro, irmão de Marta e Maria, está ausente. Na casa da pequena aldeia de Betânia, Jesus encontra-se a sós com duas mulheres que adotam, diante de sua chegada, duas atitudes diferentes.



Marta, que sem dúvida é a irmã mais velha, acolhe Jesus como dona de casa e coloca-se totalmente ao seu serviço. É natural. Segundo a mentalidade da época, a dedicação aos afazeres domésticos era tarefa exclusiva da mulher. Maria, pelo contrário, a irmã mais nova, senta-se aos pés de Jesus para escutar sua palavra. A sua atitude é surpreendente, pois ela está ocupando o lugar próprio de um “discípulo”, que corresponde somente aos homens.



Em determinado momento, Marta, absorta pelo trabalho e muito cansada, sente-se abandonada pela sua irmã e incompreendida por Jesus: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!”. Por que não manda a sua irmã que se dedique às tarefas próprias de toda mulher e deixe de ocupar o lugar reservado aos discípulos do sexo masculino?



A resposta de Jesus é de grande importância. Lucas relata-a pensando provavelmente nas divergências e pequenos conflitos que se produzem nas primeiras comunidades no momento de definir as várias tarefas: “Marta, Marta, andas inquieta e nervosa com muitas coisas, quando na realidade só uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.



Em nenhum momento Jesus critica Marta, a sua atitude de serviço, tarefa fundamental para os que seguem Jesus, mas convida-a a não se deixar absorver pelo seu trabalho até o ponto de perder a paz. Recorda que escutar sua Palavra deve ser uma prioridade para todos, também para as mulheres e não uma espécie de privilégio para os homens.



Hoje é urgente entender e organizar a comunidade cristã como um lugar onde se cuida, acima de tudo, do acolhimento do Evangelho no meio da sociedade secular e pluralista dos nossos dias. Nada é mais importante. Nada é mais necessário. Temos de aprender a reunirmo-nos mulheres e homens, crentes e menos crentes, em pequenos grupos para escutar e partilhar juntos as palavras de Jesus.



Esta escuta do Evangelho em pequenas “células” pode ser hoje a “matriz” a partir da qual se vá regenerando o tecido das nossas paróquias em crise. Se o povo humilde conhece em primeira mão o Evangelho de Jesus, o desfruta e o reivindica à hierarquia, nos arrastará a todos em direção a Jesus.





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