Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

“Não passar ao lado”. – Reflexão de José Antonio Pagola.





Abaixo, uma reflexão muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 10, 25-37 (Parábola do bom samaritano). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!
WCejnóg



IHU – ADITAL
12 Julho 2019.

Não passar ao lado

Eis o texto

«Sejam compassivos como Vosso Pai é compassivo». Essa é a herança que Jesus deixou à humanidade. Para compreender a revolução que quer introduzir na história, temos de ler com atenção Seu relato do «bom samaritano». Nele se descreve a atitude que temos de promover, para além das nossas crenças e posições ideológicas ou religiosas, para construir um mundo mais humano.

Na sarjeta de uma estrada solitária, jaz um ser humano, roubado, agredido, despojado de tudo, meio morto, abandonado à sua sorte. Neste ferido sem nome e sem pátria, Jesus resume a situação de tantas vítimas inocentes maltratadas injustamente e abandonadas nas sarjetas de tantos caminhos da história.

No horizonte aparecem dois viajantes: primeiro um sacerdote, depois um levita. Ambos pertencem ao mundo respeitado da religião oficial de Jerusalém. Os dois agem de forma idêntica: «veem o ferido, dão a volta e passam ao lado». Os dois fecham os seus olhos e os seus corações, aquele homem não existe para eles, passam sem parar. Esta é a crítica radical de Jesus a toda a religião incapaz de gerar nos seus membros um coração compassivo. Que sentido tem uma religião tão pouco humana?

Pelo caminho vem um terceiro personagem. Não é sacerdote nem levita. Nem sequer pertence à religião do templo. No entanto, ao chegar, vê o ferido, comove-se e aproxima-se. Então faz por aquele desconhecido tudo o que pode para resgatá-lo com vida e restaurar sua dignidade. Esta é a dinâmica que Jesus quer introduzir no mundo.

O primeiro é não fechar os olhos. Saber «olhar» de forma atenta e responsável para os que sofrem. Esse olhar pode libertar-nos do egoísmo e da indiferença que nos permite viver com a consciência tranquila e a ilusão de inocência no meio de tantas vítimas inocentes. Ao mesmo tempo, «comover-nos» e deixar que o seu sofrimento nos doa também a nós.

Mas o decisivo é reagir e «aproximar-nos» do que sofre, não para nos perguntarmos se tenho ou não alguma obrigação de ajudá-lo, mas para descobrir que é um necessitado que precisa de nós por perto. A nossa ação concreta revelará a nossa qualidade humana. Tudo isso não é teoria. O samaritano do relato não se sente obrigado a cumprir um determinado código religioso ou moral.

Simplesmente responde à situação do ferido, criando todo o tipo de gestos práticos destinados a aliviar o seu sofrimento e a restaurar a sua vida e a sua dignidade. Jesus conclui com estas palavras: «Vai e faz tu o mesmo».




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