"Nós estamos sendo punidos com
justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este
homem não cometeu nenhum mal". Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". Jesus lhe respondeu: "Eu garanto: Hoje você estará comigo no paraíso".(Lc 23, 41-43)
Solenidade de Cristo Rei
Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 23,35-43 (Jesus entre os malfeitores). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
16 Novembro 2022
Mártir fiel
Os cristãos atribuíram vários nomes ao Crucificado: "redentor", "salvador", "rei", "libertador". Podemos abordá-lo com gratidão: ele nos resgatou da perdição. Podemos contemplá-lo comovidos: ninguém nos amou assim. Podemos abraçá-lo para encontrar força em meio aos nossos sofrimentos e tristezas. Entre os primeiros cristãos, ele também foi chamado de "mártir", ou seja, "testemunha". Um escrito chamado Apocalipse, escrito por volta do ano 95, vê no Crucificado o "fiel mártir", "fiel testemunha". Da cruz, Jesus se apresenta a nós como testemunha fiel do amor de Deus e também de uma existência identificada com os últimos. Não devemos esquecê-lo.
Ele se identificou tanto com as vítimas inocentes que acabou como elas. Sua palavra incomodava. Ele havia ido longe demais ao falar de Deus e de sua justiça. Nem o Império nem o templo poderiam consentir com isso. Tinha que ser removido.
Talvez, antes de Paulo começar a elaborar sua teologia da cruz, esta convicção fosse vivida entre os pobres da Galiléia: "Ele morreu por nós", "por nos defender até o fim", "por ousar falar de Deus como defensor dos últimos".
Olhando para o Crucificado, devemos recordar instintivamente a dor e a humilhação de tantas vítimas desconhecidas que, ao longo da história, sofreram, sofrem e sofrerão esquecidas por quase todos. Seria uma zombaria beijar o Crucificado, invocá-lo ou adorá-lo enquanto vivemos indiferentes a todo sofrimento que não é nosso.O crucifixo está desaparecendo de nossas casas e instituições, mas os crucificados ainda estão lá. Podemos vê-los todos os dias em qualquer noticiário. Devemos aprender a venerar o Crucificado não em um pequeno crucifixo, mas nas vítimas inocentes da fome e da guerra, nas mulheres assassinadas por seus parceiros, naquelas que se afogam quando seus barcos afundam.
Confessar o Crucificado não é apenas fazer grandes profissões de fé. A melhor maneira de aceitá-lo como Senhor e Redentor é imitá-lo vivendo identificado com aqueles que sofrem injustamente.
Jesus Cristo, Rei do Universo
C (Lucas 23,35-43)
20 de novembro
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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