“Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.” (Lc 20, 38)
Abaixo, uma reflexão muito relevante e concreta atualmente, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 20,27-38 (A vida depois da morte). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
01 Novembro 2022
É RIDÍCULO ESPERAR EM DEUS?
Os saduceus não eram populares entre as pessoas da aldeia. Era um setor formado por famílias ricas pertencentes à elite de Jerusalém, com tendência conservadora, tanto no modo de viver sua religião quanto na política de buscar um entendimento com o poder de Roma. Não sabemos muito mais.
O que podemos dizer é que eles “negaram a ressurreição”. Esse setor será aprimorado por uma "novidade" típica de pessoas ingênuas. Eles não estavam preocupados com a vida além da morte. Eles estavam indo bem nesta vida. Por que se preocupar mais?
Um dia eles se aproximam de Jesus para ridicularizar a fé na ressurreição. Apresentam-lhe um caso absolutamente irreal, fruto da sua fantasia. Contam-lhe sobre sete irmãos que se casaram sucessivamente com a mesma mulher, para assegurar a continuidade de nome, honra e herança ao ramo masculino daquelas poderosas famílias saduceus em Jerusalém. É a única coisa que eles entendem.
Jesus critica sua visão da ressurreição: é ridículo pensar que a vida definitiva com Deus consistirá em reproduzir e prolongar a situação desta vida, e especificamente daquelas estruturas patriarcais das quais os ricos se beneficiam.
A fé de Jesus na vida após a morte não consiste em algo tão ridículo: "O Deus de Abraão, Isaque e Jacó não é um Deus de mortos, mas de vivos". Jesus não pode sequer imaginar que os filhos de Deus estão morrendo; Deus não vive para a eternidade cercado pelos mortos. Tampouco pode imaginar que a vida com Deus consiste em perpetuar as desigualdades, injustiças e abusos deste mundo.
Quando você vive de maneira frívola e satisfeita, desfrutando do seu próprio bem-estar e esquecendo aqueles que são afetados por ele, é fácil pensar apenas nesta vida. Pode até parecer ridículo alimentar outra esperança.
Quando se compartilha um pouco o sofrimento da maioria pobre, as coisas mudam: o que dizer de quem morre sem ter conhecido pão, saúde ou amor? O que dizer de tantas vidas desperdiçadas ou injustamente sacrificadas? É ridículo nutrir esperança em Deus?
32 Tempo Comum - C
(Lucas 20,27-38)
06 de novembro
Jose Antonio Pagola
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Fonte:Facebook
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