“É perseverando que vocês obterão a vida.” (Lc 21,19)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 21:5-19 (Sinais do fim do tempo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
10 Novembro 2022
TEMPOS DE CRISE
Nos evangelhos, estão reunidos alguns textos apocalípticos nos quais não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs, envolvidas em situações trágicas enquanto esperam com angústia e em meio à perseguição pelo fim dos tempos.
Segundo o relato de Lucas, tempos difíceis não devem ser tempos de luto e desânimo. Também não é hora de renunciar ou fugir. À ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise “terás oportunidade de testemunhar”. Significa que nos é oferecida uma oportunidade melhor de testemunhar nossa dedicação a Jesus e ao seu projeto.
Há muito tempo estamos sofrendo com uma crise que atinge muitos com força. O que aconteceu neste tempo nos permite conhecer de forma realista os danos e sofrimentos sociais que está causando. Não chegou na hora de se perguntar como estamos reagindo?
Talvez a primeira coisa seja rever nossa atitude fundamental: nos posicionamos com responsabilidade, despertando em nós um senso básico de solidariedade, ou estamos vivendo à margem de tudo o que possa perturbar nossa tranquilidade? O que fazemos com nossos grupos e comunidades cristãs? Estabelecemos uma linha de ação generosa ou vivemos celebrando nossa fé independente do que esteja acontecendo?
A crise está abrindo uma fratura social injusta entre aqueles de nós que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão sendo excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não deveríamos nos perguntar da necessidade de introduzir “cortes” em nossas vidas para vivermos os próximos anos de forma mais sóbria e solidária?
Aos poucos vamos aprendendo mais sobre aqueles que se tornam mais desamparados e sem recursos (famílias sem renda, desempregados de longa duração, professores imigrantes...). Será que não precisamos de abrir os olhos para ver se podemos nos comprometer a aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa concreta e realista nas nossas comunidades cristãs?
Não devemos esquecer que a crise não cria apenas empobrecimento material. Haverá também insegurança, medo, impotência e a experiência do fracasso. A crise também quebra projetos, destrói famílias, destrói a esperança. Nessa situação não devemos recuperar a importância da ajuda entre pais e parentes, apoio entre vizinhos, acompanhamento da comunidade cristã...?
Poucas coisas podem ser mais honrosas neste momento do que aprender a cuidar uns dos outros.
33 Tempo Comum - C
(Lucas 21:5-19)
13 de novembro de 2022
Jose Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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