“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” (Mt 10,38)
Procurar a entender melhor a mensagem de Deus Pai/Mãe, Deus Amor - que é fonte de tudo que existe - é a ideia principal de todas as reflexões colhidas e publicadas neste blog.
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é uma dessas reflexões. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 10, 37-42 (Seguir Jesus, aliviando os sofrimentos de outros, presume ser disposto a carregar a cruz e ser rejeitado).
Vale
a pena ler e refletir.
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IHU – ADITAL
26 Junho 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Mateus capítulo 10,37-42 que corresponde ao 13° Domingo do
ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto. No Brasil celebra-se a Festa de São Pedro e São Paulo.
Eis o texto.
Jesus não queria ver ninguém sofrer. O sofrimento
é mau. Jesus nunca o procurou para si nem para os outros. Pelo contrário, toda
sua vida consistiu em lutar contra o sofrimento e o mal, que tanto dano causam
às pessoas.
As fontes apresentam-no sempre combatendo o
sofrimento que se esconde na doença, nas injustiças, na solidão, no desespero
ou na culpa. Assim foi Jesus: um homem dedicado a eliminar o sofrimento,
suprimindo injustiças e contagiando força para viver.
Mas procurar o bem e a felicidade para todos
traz muitos problemas. Jesus o sabia por experiência. Não se pode estar com os
que sofrem e procuram o bem dos últimos sem provocar a rejeição e a hostilidade
daqueles a quem não interessa nenhuma mudança. É impossível estar com os
crucificados e não se ver um dia «crucificado».
Jesus nunca escondeu isso dos seus
seguidores. Utilizou, em várias ocasiões, uma metáfora inquietante que Mateus
resumiu assim: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”.
Não podia ter escolhido uma linguagem mais gráfica. Todos conheciam a imagem
terrível do condenado que, nu e indefeso, era obrigado a carregar nas costas o
tronco horizontal da cruz até ao local da execução, onde o esperava o tronco
vertical fixado na terra.
“Carregar a cruz” fazia parte do ritual da
crucificação. O seu objetivo era que o condenado aparecesse perante a sociedade
como culpado, um homem indigno de continuar a viver entre os seus. Todos
descansariam vendo-o morto.
Os discípulos tentaram entendê-lo. Jesus vinha dizer mais ou menos o seguinte: “Se me seguis, tendes de estar dispostos a ser rejeitados. Passará convosco o mesmo que a mim. Aos olhos de muitos parecereis culpados. Serão condenados. Procurarão que não incomodeis. Terão de carregar a vossa cruz. Então parecerão mais comigo. Serão dignos seguidores meus. Partilharão o destino dos crucificados. Com eles entrarão um dia no reino de Deus”.
Carregar a cruz não é procurar “cruzes”, mas
aceitar a «crucificação» que nos chegará se seguirmos os passos de Jesus.
Assim tão claro.
Fonte: IHU – Comentário do Evangelho