Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 28 de junho de 2025

“Seguir Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão 

do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus”. (Lc 9, 59-62)

 

Hoje temos uma ótima reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 24,35-48

(como seguir a Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

26 Junho 2025

SEGUIR A JESUS

"Seguir" Jesus é uma metáfora que os discípulos aprenderam pelos caminhos da Galileia. Para eles significa especificamente: não perder Jesus de vista; não ficar longe dele; andar, mover-se e dar passos atrás dele. "Seguir" Jesus exige uma dinâmica de movimento. Por isso o imobilismo dentro da Igreja é uma doença mortal: mata a paixão por seguir Jesus compartilhando sua vida, sua causa e seu destino.

As primeiras gerações cristãs nunca esquecem que ser cristão é "seguir" Jesus e viver como ele. Isto é o essencial. Por isso Lucas dá tanta importância a três ditados de Jesus.

Primeiro ditado. Aquele que se aproxima, decidido a segui-lo, Jesus adverte-o assim: O Filho do homem não tem onde reclinar a sua cabeça. O instinto de sobreviver no meio da sociedade moderna está nos levando hoje,a nós cristãos, a buscar segurança. A hierarquia está empenhada em recuperar um apoio social que está decrescendo. As comunidades cristãs perdem peso e força para influenciar o ambiente. Não sabemos "onde reclinar a cabeça". É hora de aprender a seguir Jesus de forma mais humilde e vulnerável, mas também mais autêntica e real.

Segundo ditado. A um que pede para ir antes enterrar o seu pai Jesus diz-lhe: Deixe os mortos enterrar os seus mortos; você vai anunciar o reino de Deus. Na Igreja vivemos muitas vezes distraídos por costumes e obrigações que vêm do passado, mas não ajudam a gerar vida evangélica hoje. Há pastores que se sentem como "mortos que se dedicam a enterrar mortos". É hora de voltar para Jesus e buscar o reino de Deus primeiro. Só assim nos colocaremos na verdadeira perspectiva para entender e viver a fé como ele queria.

Terceiro ditado. A outro diz: Aquele que deita mão no arado e continua olhando para trás não serve para o reino de Deus. Olhando apenas para trás não é possível anunciar o reino de Deus. Quando a criatividade se afoga ou se mata a imaginação evangélica, quando se controla toda novidade como perigosa e se promove uma religião estática, estamos impedindo Jesus de seguir vivo. É hora de procurar, mais uma vez, «vinho novo em odres novos». Jesus pedia.

13 Tempo Comum - C

(Lucas 9,51-62)

29 de junho

Fonte: Facebook

sábado, 21 de junho de 2025

“Compartilhar o nosso com os necessitados”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer”. (Lc 9,13)

Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Lc 9,11b-17  (Jesus sacia a fome da multidão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

19 Junho 2025

Compartilhar o nosso com os necessitados

Havia dois problemas mais angustiantes nas aldeias da Galileia: fome e divisão. Era o que mais fazia Jesus sofrer. Quando seus discípulos lhe pediram que os ensinasse a orar, Jesus aponta para dois pedidos: “Pai, dá-nos o pão necessário”; “Pai, perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.”

O que poderíam fazer contra as forças que os estavam destruindo e contra as divisões que os estavam fazendo sofrer? Jesus viu claramente a vontade de Deus: compartilhar o pouco que tínham e perdoar as dívidas mutuamente. Assim, um novo mundo nasce.  

Fontes cristãs mantêm a memória de uma refeição memorial com Jesus. Foi para o acampamento e muitas pessoas participaram. É difícil reconstruir o que aconteceu. A memória que ficou foi esta: entre as pessoas colheram apenas "cinco pães e dois peixes", mas partilharam o pouco que tinham e, com a bênção de Jesus, todos puderam comer.

No início da história, há um diálogo muito esclarecedor. Vendo que as pessoas estão como fome, os discípulos propõem uma solução mais confortável e menos comprometedora: "Que essa gente vá às aldeias e compre o que comer"; Que cada um resolva os seus problemas da melhor forma possível. Jesus responde chamando-os à responsabilidade; «Dai-lhes vós de comer»; Não deixeis as famílias abandonadas à sua sorte.

Devemos fazer como pede Jesus. Vivemos à beira do mar para as famílias do mundo e não podemos perder a nossa identidade cristã; não podemos ser infiéis a Jesus; a nossa recitação eucarística não  pode carecer da sua sensibilidade e do seu horizonte. Então, como uma religião como a nossa deve ser um movimento de seguidores mais fiéis a Jesus?

Em primeiro lugar, não devemos perder a nossa perspectiva fundamental: que tenhamos cada vez mais uma grande empatia por aqueles que nós não conhecemos; por aqueles que sofrem e estão privados de paz e dignidade. Em segundo lugar, que nos empenhemos em pequenas iniciativas, concretas, modestas, parciais, que nos ensinem a partilhar e a identificar-nos mais com o estilo de Jesus.

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – C

(Lucas 9,11b-17)

22 de junho

Fonte: Facebook

 

sábado, 14 de junho de 2025

“É necessário crer na Trindade?” – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. (Jo 16,15)

 

Abaixo, uma excelente reflexão para o dia em que se celebra a Solenidade da Santíssima Trindade, baseada no texto bíblico João 16,12-15 (Jesus promete o Espírito Santo, o Espírito da Verdade). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

11 Junho 2025

É NECESSÁRIO CRER NA TRINDADE?

É necessário crer na Trindade? É possível? É útil? Não é uma construção intelectual desnecessária? Nossa fé muda de alguma forma se não cremos no Deus Trino? Há dois séculos, o famoso filósofo Immanuel Kant escreveu estas palavras: "Do ponto de vista prático, a doutrina da Trindade é perfeitamente inútil."

Nada poderia estar mais longe da verdade. A fé na Trindade muda não apenas nossa visão de Deus, mas também nossa maneira de entender a vida. Confessar a Trindade de Deus é crer que Deus é um mistério de comunhão e amor. Não um ser fechado e impenetrável, imóvel e indiferente. Sua misteriosa intimidade é apenas amor e comunicação. Consequência: na profundidade última da realidade, dando sentido e existência a tudo, existe apenas Amor. Tudo o que existe provém do Amor.

O Pai é o Amor original, a fonte de todo amor. Ele inicia o amor. "Só ele começa a amar sem razão; na verdade, é ele quem sempre começou a amar" (Eberhard Jüngel). O Pai ama desde sempre e para sempre, sem ser forçado ou motivado de fora. Ele é o "Amante eterno". Ele ama e continuará a amar para sempre. Ele jamais retirará seu amor e fidelidade. Somente dele brota o amor. Consequência: criados à sua imagem, somos feitos para amar. Somente amando alcançamos a existência.

O ser do Filho consiste em receber o amor do Pai. Ele é o "Eternamente Amado", antes da criação do mundo. O Filho é o Amor que acolhe, a eterna resposta ao amor do Pai. O mistério de Deus, portanto, consiste em dar e também em receber amor. Em Deus, deixar-se amar não é menos que amar. Receber amor também é divino! Consequência: criados à imagem deste Deus, somos feitos não apenas para amar, mas para ser amados.

O Espírito Santo é a comunhão do Pai e do Filho. Ele é o Amor eterno entre o Pai amoroso e o Filho amado, que revela que o amor divino não é a posse zelosa do Pai nem a monopolização egoísta do Filho. O verdadeiro amor é sempre abertura, dom, comunicação transbordante. Portanto, o Amor de Deus não permanece em si mesmo, mas se comunica e se estende às suas criaturas. "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5,5). Consequência: criados à imagem deste Deus, somos feitos para amar uns aos outros, sem monopolizar e sem nos fecharmos em amores fictícios e egoístas.

Santíssima Trindade – C

(João 16:12-15)

15 de junho

José Antonio Pagola

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Fonte: Facebook