Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

“Atrevemo-nos a partilhar? ” – Reflexão de José Antonio Pagola.

"<O que devemos fazer então? >, perguntavam as multidões.

João respondia: <Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo>. ”  (Lc 3, 10-11)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 3,10-18 (A mensagem de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCEJNÓG


IHU – ADITAL

10 Dezembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Lucas 3,10-18, que corresponde ao 3° Domingo do Advento, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

Atrevemo-nos a partilhar? 

Os meios de comunicação informam-nos cada vez mais rapidamente do que acontece no mundo. Conhecemos cada vez melhor as injustiças, misérias e abusos que se cometem diariamente em todos os países.

Esta informação cria facilmente em nós um certo sentimento de solidariedade para com tantos homens e mulheres, vítimas de um mundo egoísta e injusto. Inclusive, pode despertar um sentimento de vaga culpabilidade. Mas, ao mesmo tempo, aumenta a nossa sensação de impotência.

As nossas possibilidades de atuação são muito escassas. Todos conhecemos mais miséria e injustiça do que podemos remediar com as nossas forças. Por isso, é difícil evitar uma pergunta no fundo da nossa consciência perante uma sociedade tão desumanizada: «O que podemos fazer? ».

João Batista oferece-nos uma resposta terrível no meio da sua simplicidade. Uma resposta decisiva, que coloca cada um de nós na frente da nossa própria verdade. «Aquele que tenha duas túnicas, que as reparta com o que não tem; e o que tenha comida que faça o mesmo».

Não é fácil ouvir estas palavras sem sentir um certo mal-estar. É necessária coragem para as acolher. Necessita-se tempo para nos deixarmos interpelar. São palavras que fazem sofrer. Aqui termina a nossa falsa «boa vontade». Aqui se revela a verdade da nossa solidariedade. Aqui se dilui o nosso sentimentalismo religioso. O que podemos fazer? Simplesmente partilhar o que temos com os que necessitam.

Muitas das nossas discussões sociais e políticas, muitos dos nossos protestos e gritos, que com frequência nos dispensam de uma ação mais responsável, ficam reduzidos subitamente a uma pergunta muito simples. Atrevemo-nos a partilhar o que é nosso com os necessitados?

De forma ingênua, acreditamos quase sempre que a nossa sociedade será mais justa e humana quando os outros mudarem, e quando se transformem as estruturas sociais e políticas que nos impedem de sermos mais humanos.

E, no entanto, as simples palavras do Batista obrigam-nos a pensar que a raiz das injustiças está também em nós. As estruturas refletem demasiado bem o espírito que nos anima a quase todos. Reproduzem com fidelidade a ambição, o egoísmo e a sede de possuir que há em cada um de nós.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

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