Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

“Por ouvir falar” – Reflexão de José Antonio Pagola.


"Ele (João) percorreu toda a região próxima ao Jordão, pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. Como está escrito no livro das palavras de Isaías, o profeta: <Voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’>.”  (Mt 16, 15-16)

 

Hoje trago para este blog mais uma excelente reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 3, 1-6  (Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor!). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

HU – ADITAL

03 Dezembro 2021

A leitura que a Igreja propõe é o Evangelho de Lucas 3,1-6, que corresponde ao Segundo Domingo do Advento, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

Por ouvir falar 

Há pessoas que, mais do que acreditarem em Deus, acreditam naqueles que falam dele. Só conhecem Deus por «ouvir falar». Falta-lhes experiência pessoal. Assistem, talvez, a celebrações religiosas, mas nunca abrem seus corações a Deus. Jamais se detêm a perceber a sua presença no interior do seu ser.

É um fenômeno frequente: vivemos girando em torno de nós mesmos, mas fora de nós; trabalhamos e desfrutamos, amamos e sofremos, vivemos e envelhecemos, mas nossa vida passa sem mistério e sem um horizonte final.

Mesmo aqueles que nos dizemos crentes não sabemos muitas vezes «estar ante Deus». Nos é difícil reconhecermo-nos como seres frágeis, mas infinitamente amados por Ele. Não sabemos admirar sua grandeza insondável nem gostar da sua presença próxima. Não sabemos invocar ou louvar.

Que pena dá ver como Deus é discutido em certos programas de televisão. Fala-se «de ouvir falar». Debate-se o que não se conhece. Os convidados ficam acalorados a falar do Papa, mas a ninguém se ouve falar com um pouco de profundidade sobre esse Mistério a que nós crentes chamamos «Deus».

Para descobrir Deus não servem as discussões sobre religião e os argumentos dos outros. Cada um tem de fazer a sua própria viagem e viver a sua própria experiência. Não basta criticar a religião nos seus aspectos mais deformados. É necessário procurar pessoalmente o rosto de Deus. Abrir caminhos na nossa própria vida.

Quando durante anos se viveu a religião como um dever ou como um peso, só esta experiência pessoal pode desbloquear o caminho para Deus: poder comprovar, ainda que seja de uma forma germinal e humilde, que é bom acreditar, que Deus faz bem.

Este encontro com Deus nem sempre é fácil. O importante é procurar. Não fechar nenhuma porta; não descartar nenhuma chamada. Continua a procurar, talvez com o último resto das nossas forças. Muitas vezes, o único que podemos oferecer a Deus é o nosso desejo de nos encontrar com ele.

Deus não se esconde dos que o procuram e perguntam por Ele. Mais cedo ou mais tarde, recebemos a sua «visita» inconfundível. Então tudo muda. Pensávamos que estava longe, e está perto. Sentíamos ameaçador, e é o melhor amigo. Podemos dizer as mesmas palavras que Job: «Até agora falava de ti por ouvir falar; agora os meus olhos viram-te».

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

 

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