Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 12 de fevereiro de 2022

“Felicidade Ameaçada”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!

“Então ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis! Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.

Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação! Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas! (6, 20-26)

Abaixo, uma reflexão muito relevante e concreta atualmente, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 6,17.20-26 (Bemaventuranças aos pobres e palavras severas aos ricos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

 13 Fevereiro 2022

FELICIDADE AMEAÇADA

O Ocidente não quis acreditar no amor como fonte de vida e felicidade para o homem e a sociedade. As bem-aventuranças de Jesus parecem uma mensagem estranha, escondida numa linguagem ininteligível e inacreditável, mesmo para aqueles de nós que nos dizemos cristãos.

Colocamos a felicidade em outras coisas. Chegamos até a confundir felicidade com bem-estar. E, embora sejam poucos os que se atrevem a confessá-lo abertamente, para muitos o decisivo para ser feliz é "ter dinheiro".

Para muitas pessoas é difícil ter outro projeto de vida. Apenas isto: trabalhar para ter dinheiro. Ter dinheiro para comprar coisas. Possuir coisas para adquirir uma posição e ser algo na sociedade. Esta é, muitas vezes,  a felicidade em que acreditamos. Este é o caminho que tentamos percorrer para buscar a felicidade.

Vivemos em uma sociedade que, no fundo, sabe que isso tudo é um absurdo, mas não é capaz de buscar uma felicidade mais verdadeira. Gostamos do nosso modo de viver, mesmo sabendo e sentinod que isso não nos faz felizes.

Nós crentes devemos lembrar que Jesus não falou apenas de bem-aventuranças. Ele também lançou maldições ameaçadoras para aqueles que, esquecendo o chamado do amor, se divertem satisfeitos com seu próprio bem-estar. Esta é a ameaça de Jesus: aqueles que possuem e desfrutam de tudo o que seu coração egoísta desejou, um dia descobrirão que não há felicidade para eles além do que já provaram.

Talvez estejamos vivendo em uma época em que começamos a intuir melhor a verdade última contida nas ameaças de Jesus: “Ai de vocês, ricos, porque já têm sua consolação! Ai de vocês que estão fartos, porque terão fome! Ai de quem ri agora, porque você vai chorar!».

Começamos a experimentar que a felicidade não está no puro bem-estar. A civilização da abundância nos oferece meios de subsistência, mas não razões para viver. A insatisfação atual de muitos não se deve apenas ou principalmente à crise econômica, mas sobretudo à crise das razões autênticas para viver, lutar, gozar, sofrer e esperar. Existem poucas pessoas felizes. Aprendemos muitas coisas, mas não sabemos ser felizes.

Precisamos de tantas coisas que somos pobres carentes. Para alcançar nosso bem-estar, somos capazes de mentir, enganar, trair a nós mesmos e destruir uns aos outros. E você não pode ser feliz assim.

E se Jesus estivesse certo? Nossa "felicidade" não está muito ameaçada? Não devemos procurar uma sociedade diferente cujo ideal não seja o desenvolvimento material sem fim, mas a satisfação das necessidades vitais de todos? Não seremos mais felizes quando aprendermos a precisar de menos e compartilhar mais?

6 Tempo Comum - C

(Lucas 6,17.20-26)

13 de fevereiro 2022

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

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