“Simão respondeu: < Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes >. Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixe que as redes começaram a rasgar-se. Então fizeram sinais a seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-lo; e eles vieram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase começarem a afundar. Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e disse: < Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador! >" (Lc, 5,5-8)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 5,1-11 (Pesca milagrosa). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
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Por José Antonio Pagola
02 Fevereiro 2021
UMA MORAL
SEM PECADO?
Costuma-se dizer que a consciência do pecado desapareceu. Não é inteiramente verdade. O que acontece é que a crise de fé trouxe consigo uma forma diferente, nem sempre mais saudável, de enfrentar a própria culpa. De fato, ao dispensar Deus, não poucos experimentam a culpa de uma maneira mais confusa e solitária.
Alguns permaneceram presos na forma mais primitiva e arcaica de viver o pecado. Eles se sentem "manchados" por sua maldade. Indigno de viver junto com seus entes queridos. Eles não conhecem a experiência de um Deus que perdoa, mas também não encontraram outra maneira de se libertar de seu desconforto interior.
Outros continuam a experimentar o pecado como "transgressão". É verdade que eles apagaram alguns "mandamentos" de sua consciência, mas o que não desapareceu dentro deles é a imagem de um Deus legislador diante do qual eles não sabem como se colocar. Sentem a culpa como uma transgressão com a qual não é fácil conviver.
Muitos experimentam o pecado como "auto-acusação". À medida que sua fé em Deus desaparece, a culpa gradualmente se torna uma "acusação sem acusador" (Paul Ricoeur). Ninguém precisa condená-los. Eles mesmos fazem isso. Mas como livrar-se dessa autocondenação: basta esquecer o passado e tentar eliminar a própria responsabilidade?
Tentou-se também reduzir o pecado a mais uma «experiência psicológica». Um bloqueio de pessoa. O pecador seria uma espécie de "doente", vítima de sua própria fraqueza. Falou-se até de uma "moral sem pecado". Mas é possível viver uma vida moral sem sentir culpa?
Para o crente, o pecado é uma realidade. Inútil encobrir. Embora saiba que sua liberdade está muito condicionada, o cristão se sente responsável por sua vida diante de si mesmo e diante de Deus. É por isso que ele confessa seu pecado e o reconhece como uma “ofensa a Deus”. Mas contra um Deus que só busca a felicidade do ser humano. Nunca devemos esquecer que o pecado ofende a Deus na medida em que nos prejudica, seres infinitamente amados por ele.
Oprimido pela presença de Jesus, Pedro reage reconhecendo o seu pecado: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador». Mas Jesus não se afasta dele, mas lhe confia uma nova missão: “Não tenha medo; De agora em diante vocês serão pescadores de homens”.
Reconhecer o pecado e invocar o perdão é, para o crente, o caminho saudável para se renovar e crescer como pessoa.
Jose Antonio Pagola
5 Tempo Comum – C (Lc 5,1-11)
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Fonte: Facebook
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