Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 5 de fevereiro de 2022

“Uma moral sem pecado? ” – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!

 

“Simão respondeu: < Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes >. Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixe que as redes começaram a rasgar-se. Então fizeram sinais a seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-lo; e eles vieram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase começarem a afundar. Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e disse: < Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador! >" (Lc, 5,5-8) 

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 5,1-11 (Pesca milagrosa). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Não deixe de ler!

WCejnóg 


 Por José Antonio Pagola

02 Fevereiro 2021

UMA MORAL SEM PECADO? 

Costuma-se dizer que a consciência do pecado desapareceu. Não é inteiramente verdade. O que acontece é que a crise de fé trouxe consigo uma forma diferente, nem sempre mais saudável, de enfrentar a própria culpa. De fato, ao dispensar Deus, não poucos experimentam a culpa de uma maneira mais confusa e solitária.

Alguns permaneceram presos na forma mais primitiva e arcaica de viver o pecado. Eles se sentem "manchados" por sua maldade. Indigno de viver junto com seus entes queridos. Eles não conhecem a experiência de um Deus que perdoa, mas também não encontraram outra maneira de se libertar de seu desconforto interior.

Outros continuam a experimentar o pecado como "transgressão". É verdade que eles apagaram alguns "mandamentos" de sua consciência, mas o que não desapareceu dentro deles é a imagem de um Deus legislador diante do qual eles não sabem como se colocar. Sentem a culpa como uma transgressão com a qual não é fácil conviver.

Muitos experimentam o pecado como "auto-acusação". À medida que sua fé em Deus desaparece, a culpa gradualmente se torna uma "acusação sem acusador" (Paul Ricoeur). Ninguém precisa condená-los. Eles mesmos fazem isso. Mas como livrar-se dessa autocondenação: basta esquecer o passado e tentar eliminar a própria responsabilidade?

Tentou-se também reduzir o pecado a mais uma «experiência psicológica». Um bloqueio de pessoa. O pecador seria uma espécie de "doente", vítima de sua própria fraqueza. Falou-se até de uma "moral sem pecado". Mas é possível viver uma vida moral sem sentir culpa?

Para o crente, o pecado é uma realidade. Inútil encobrir. Embora saiba que sua liberdade está muito condicionada, o cristão se sente responsável por sua vida diante de si mesmo e diante de Deus. É por isso que ele confessa seu pecado e o reconhece como uma “ofensa a Deus”. Mas contra um Deus que só busca a felicidade do ser humano. Nunca devemos esquecer que o pecado ofende a Deus na medida em que nos prejudica, seres infinitamente amados por ele.

Oprimido pela presença de Jesus, Pedro reage reconhecendo o seu pecado: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador». Mas Jesus não se afasta dele, mas lhe confia uma nova missão: “Não tenha medo; De agora em diante vocês serão pescadores de homens”.

Reconhecer o pecado e invocar o perdão é, para o crente, o caminho saudável para se renovar e crescer como pessoa.

Jose Antonio Pagola

5 Tempo Comum – C (Lc 5,1-11)

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Fonte: Facebook

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