“Então correram para lá e encontraram Maria e José e o bebê deitado na manjedoura. Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino, e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados. Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração." (Lc 2, 16-19)
Abaixo, uma boa reflexão para marcar o primeiro dia do Ano, em que a Igreja celebra a Solenidade de Santa Maria. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 2,16-21 (Santa Maria, Mãe de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
29 Dezembro 2022
A MÃE
Muitos podem se surpreender com o fato de a Igreja fazer o primeiro dia do novo ano civil coincidir com a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. E, no entanto, é significativo que, desde o século IV, a Igreja, depois de celebrar solenemente o nascimento do Salvador, queira iniciar o novo ano sob a proteção materna de Maria, Mãe do Salvador e nossa Mãe.
Os cristãos de hoje devem se perguntar o que fizemos de Maria nos últimos anos, já que provavelmente empobrecemos nossa fé ao eliminá-la inconscientemente de nossas vidas.
Movidos, sem dúvida, por um desejo sincero de purificar nossa experiência religiosa e encontrar uma fé mais sólida, abandonamos os excessos piedosos, as devoções exageradas, os costumes superficiais e perdidos. Tentámos superar uma falsa mariolatria em que talvez substituíssemos Cristo por Maria e vissemos nela a salvação, o perdão e a redenção que, na realidade, devemos acolher do seu Filho.
Se tudo tem sido para corrigir desvios e colocar Maria no lugar autêntico que lhe corresponde como Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja, devemos nos alegrar e reafirmar nossa posição. Mas foi exatamente assim? Não a esquecemos excessivamente? Não a encurralamos em algum lugar escuro da alma ao lado de coisas que nos parecem de pouca utilidade?
Abandonar Maria, sem aprofundar sua missão e o lugar que ela deve ocupar em nossa vida, nunca enriquecerá nossa vida cristã, mas a empobrecerá. Provavelmente já cometemos excessos de Mariolatria no passado, mas agora corremos o risco de nos empobrecer com sua quase total ausência em nossas vidas.
Maria é a Mãe de Jesus. Mas aquele Cristo que nasceu do seu seio estava destinado a crescer e a incorporar numerosos irmãos, homens e mulheres que um dia viveriam da sua Palavra e do seu Espírito. Hoje Maria não é só a Mãe de Jesus. Ela é a Mãe do Cristo total. Ela é a Mãe de todos os crentes.
É bom que, ao iniciarmos um novo ano, o façamos elevando o olhar para Maria. Ela nos acompanhará ao longo dos dias com o cuidado e a ternura de uma mãe. Ela cuidará da nossa fé e da nossa esperança. Não vamos esquecê-la ao longo do ano.
Santa Maria, Mãe de Deus – A
(Lucas 2,16-21)
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook