“Amor à vida”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

"Jesus respondeu: "Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas-novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa". (Mt 11, 4-6)

 

3º domingo de Advento.

A reflexão para este domingo é muito especial e tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 11,2-11 (Jesus e João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

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Por José Antonio Pagola

8 Dezembro 2022

AMOR À VIDA

Diante das diferentes tendências destrutivas que podem ser detectadas na sociedade contemporânea (necrofilia), Erich Fromm(*) fez um apelo vigoroso para desenvolver tudo o que é amor à vida (biofilia), se não quisermos cair no que o famoso cientista chama de decadência síndrome.

Sem dúvida, devemos estar muito atentos às diversas formas de agressividade, violência e destruição que são geradas na sociedade moderna. Isso tudo, segundo o cientista,  hoje tornou-se uma autêntica "cultura da violência".

Mas existem outras formas mais sutis e, por isso mesmo, mais eficazes de destruir o crescimento e a vida das pessoas.

A mecanização do trabalho, a massificação do estilo de vida, a burocratização da sociedade, a reificação das relações, etc. Esses são alguns entre muitos fatores que estão levando muitas pessoas a se sentirem não seres vivos, mas peças de uma engrenagem social.

Milhões de indivíduos no Ocidente hoje vivem vidas confortáveis, mas monótonas, onde a falta de sentido e projeto pode sufocar todo crescimento verdadeiramente humano.

Então algumas pessoas acabam perdendo o contato com tudo que é vivo. Sua vida é cheia de coisas. Parecem apenas vibrar adquirindo novos itens. Elas levam a  vida de acordo com o programa ditado pela sociedade.

Outros buscam todos os tipos de estímulos. Eles precisam trabalhar, produzir, agitar-se ou se divertir. Procuram sempre de novas emoções para experimentar. Necessitam de algo excitante que lhes permita sintir-se ainda vivos.

Se algo caracteriza a personalidade de Jesus, é o seu amor apaixonado pela vida, a sua biofilia. Os relatos evangélicos o apresentam lutando contra tudo que bloqueia a vida, que a mutila ou a diminui. Sempre atento ao que pode fazer as pessoas crescerem. Sempre semeando vida, saúde, sentido.

Ele mesmo nos desenha a sua tarefa com expressões tiradas de Isaías: «Os cegos vêem e os aleijados andam; os leprosos são purificados e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados e aos pobres é anunciada a Boa Nova. E feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa».

Verdadeiramente abençoados são aqueles que descobrem que ser crente não é odiar a vida, mas amá-la, não bloquear ou mutilar nosso ser, mas abri-lo para suas melhores possibilidades. Muitas pessoas hoje abandonam a fé em Jesus Cristo antes de terem experimentado a verdade dessas palavras dele: "Eu vim para que os homens tenham vida e a tenham em abundância" (João 10:10).

3 Advento – A

(Mateus 11,2-11)

11 de dezembro

José Antonio Pagola

Fonte: Facebook 

 

 (*) Erich Fromm (1900-1980)  

Erich Fromm foi um psicanalista, filósofo humanista e sociólogo alemão. A partir do final da década de 1920, representou um socialismo democrático e humanista. (Wikipédia)