“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: <Tomem e comam; isto é o meu corpo>. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: <Bebam dele todos vocês>.” (Mt 26, 26-27)
Domingo de Ramos
Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 26,14–27,66 (A Última Ceia). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
30/03/2023
CARREGAR A CRUZ
O que nos torna cristãos é seguir Jesus. Nada mais. Este seguimento de Jesus não é algo teórico ou abstrato. Significa seguir os seus passos, comprometendo-nos como ele a “humanizar a vida”, e viver assim contribuindo para a realização do seu projeto de um mundo onde pouco a pouco reine Deus e a sua justiça.
Isso significa que os seguidores de Jesus são chamados a colocar a verdade onde há mentira, a introduzir a justiça onde há abuso e crueldade para com os mais fracos, a exigir compaixão onde há indiferença para com os que sofrem. E isso requer construir comunidades onde vivamos com o projeto de Jesus, com seu espírito e suas atitudes.
Seguir Jesus assim traz consigo conflitos, problemas e sofrimento. Devemos estar dispostos a suportar as reações e resistências daqueles que, por uma razão ou outra, não buscam um mundo mais humano, como quer aquele Deus encarnado em Jesus. Eles querem outra coisa.
Os evangelhos preservaram um chamado realista de Jesus para seus seguidores. O escandaloso da imagem só pode vir dele: "Se alguém quiser vir atrás de mim... carregue sua cruz nas costas e siga-me". Jesus não os engana. Se eles realmente o seguirem, terão que compartilhar seu destino. Eles vão acabar como ele. Essa será a melhor prova de que seu acompanhamento é fiel.
Seguir Jesus é uma tarefa emocionante: é difícil imaginar uma vida mais digna e nobre. Mas tem um preço. Para seguir Jesus é importante “fazer”: tornar o mundo mais justo e humano; tornar uma Igreja mais fiel a Jesus e mais coerente com o Evangelho. No entanto, é tão ou mais importante "sofrer": sofrer por um mundo mais digno; sofrem por uma Igreja mais evangélica.
No final da sua vida, o teólogo Karl Rahner escrevia assim: «Creio que ser cristão é a tarefa mais simples, a mais simples e, ao mesmo tempo, aquela pesada “carga leve” de que fala o evangelho. Quando você a carrega, ela carrega você, e quanto mais você vive, mais pesado e mais leve você se torna. No final, resta apenas o mistério. Mas é o mistério de Jesus».
Domingo de Ramos – A
(Mateus 26,14–27,66)
2 de abril
José Antonio Pagola
Fonte: Facebook