"O porteiro abre-lhe a porta, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem, porque conhecem a sua voz". (Jo, 10, 3-4)
Hoje temos à disposição uma reflexão muito oportuna e importante para os dias de hoje. Como pano de fundo tem o texto bíblico João 10,1-10 (Jesus é a única porta que nos salva). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
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José Antonio Pagola
27 Abril 2023
OUVINDO A VOZ DE JESUS
Em alguns setores da Igreja, enfatiza-se mais do que nunca a necessidade de um forte "magistério eclesiástico" para guiar os fiéis em meio à crise atual. Esses apelos não conseguem, no entanto, impedir sua crescente "desvalorização" entre amplas parcelas de cristãos.
De fato, não são poucas as intervenções dos bispos que provocam reações diversas. Alguns os elogiam com fervor, outros os criticam duramente e a maioria os esquece depois de alguns dias. Entretanto, no Evangelho recordam-nos algumas palavras de Jesus que nos desafiam a todos: «As ovelhas seguem o pastor porque conhecem a sua voz».
O primeiro e decisivo também hoje é que, na Igreja, nós crentes escutemos a "voz" de Jesus Cristo em toda a sua originalidade e pureza, não o peso das tradições ou a novidade das modas, não as "preocupações" dos eclesiásticos nem os "gostos" dos teólogos, nem nossos interesses, medos ou acomodações.Isso requer sobretudo não confundir a voz de Jesus Cristo com qualquer palavra que é pronunciada na Igreja. Não devemos tomar como certo que em todas as intervenções dos bispos, em todas as pregações dos sacerdotes, em todos os escritos dos teólogos ou em todas as exposições dos catequistas, a voz de Jesus está sendo ouvida fielmente.
Há sempre um risco. Esse risco consiste em possiblidade de encher a Igreja de escritos e cartas pastorais, de documentos e livros de teologia, de catecismo e pregação, substituindo assim, pelo nosso "ruído", a voz inconfundível de Jesus, nosso único mestre.
O Bispo Santo Agostinho recordava-lhe repetidas vezes: «Temos apenas um mestre. E, sob ele, somos todos colegas. Não nos tornamos mestres falando do púlpito. O verdadeiro Mestre fala de dentro.
Devemos nos perguntar se a palavra que se ouve na Igreja vem da Galiléia e nasce do Espírito do Ressuscitado. Isto é o que é decisivo, pois o magistério, a pregação ou a teologia devem ser um convite para cada um dos crentes a escutar fielmente a voz de Cristo. Somente quando alguém "aprende" algo sobre Jesus é que se torna seu seguidor.
4 Páscoa – A
(João 10,1-10)
30 de abril
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook