"Perguntaram-se um ao outro: <Não estava queimando o nosso coração enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?>” (Lc 24, 32)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico
Lucas 24,13-35 (No caminho de Emaús). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
José Antonio Pagola
20 Abril 2023
NÃO FUJA PARA EMAÚS
Não são poucos os que olham para a Igreja hoje com pessimismo e decepção. Não é o que eles querem. Eles querem uma Igreja viva e dinâmica, fiel a Jesus Cristo, verdadeiramente empenhada na construção de uma sociedade mais humana.
Só que vêem esta Igreja imóvel e ultrapassada, ocupada demais em defender uma moral obsoleta que interessa a poucos, fazendo penosos esforços para recuperar uma credibilidade que hoje, para eles, parece ser "muito baixa". Percebem a Igreja como uma instituição que quase sempre está ali para acusar e condenar, raramente para ajudar e infundir esperança no coração humano. O sentimento muitas vezes é triste e enfadonho, e de alguma forma eles intuem – com o escritor francês Georges Bernanos – que “o oposto de um povo cristão é um povo triste”.
A tentação fácil para muitos hoje é o abandono e a fuga. Alguns o fizeram há muito tempo, até mesmo em voz alta: hoje afirmam quase com orgulho que acreditam em Deus, mas não na Igreja. Outros se distanciam dela pouco a pouco, "na ponta dos pés e sem fazer barulho".
Provavelmente seria um erro alimentar um otimismo espirituoso neste momento, pensando que tempos melhores virão. Mais grave ainda seria fechar os olhos e ignorar a mediocridade e o pecado da Igreja. Mas o nosso maior pecado seria “fugir para Emaús”, deixar a comunidade e dispersar-se, cada um no seu caminho, afundados na desilusão e no desencanto.
Temos que aprender a “lição de Emaús”. A solução não é sair da Igreja, mas reconectar-se com um grupo cristão, comunidade, movimento ou paróquia onde possamos compartilhar e reavivar nossa esperança em Jesus.
Onde alguns homens e mulheres caminham se perguntando sobre Jesus e se aprofundando em sua mensagem, ali está o Ressuscitado. É fácil que um dia, ao ouvirem o Evangelho, voltem a sentir o "coração ardendo". Onde alguns crentes se encontram para celebrar juntos a Eucaristia, ali está o Ressuscitado alimentando suas vidas. É fácil que um dia "seus olhos se abram" e eles o vejam.
Não importa o quão morto ele apareceu diante de nossos olhos, o Ressuscitado vive nesta Igreja. Por isso também aqui fazem sentido os versos de Antonio Machado: «Pensei que a minha casa estava desligada, remexi as cinzas... queimei a mão».
3 Páscoa – A (Lucas 24,13-35)
23 de abril
José Antonio Pagola
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário