“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22, 36-40)
Hoje temos uma excelente reflexão, muito atual, que se refere ao texto bíblico Mateus 22,34-40 (O principal mandamento). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
25 Outubro 2023
Paixão por Deus e compaixão pelos seres humanos
Quando se esquecem do essencial, entrarão facilmente nas religiões pelos caminhos da piedosa mediocridade ou da casuística moral, que não só os tornam incapazes de uma relação saudável com Deus, mas podem prejudicar gravemente as pessoas. Nenhuma religião escapa deste risco.
A cena narrada nos evangelhos tem como pano de fundo um clima religioso em que sacerdotes e mestres da lei classificam centenas de mandamentos da Lei divina em “fáceis” e “difíceis”, “sérios” e “leves”, “pequenos” e grande". Quase impossível se movimentar com o coração saudável nesta rede.
A pergunta que fazem a Jesus procura recuperar o essencial, descobrir o "espírito perdido": qual é o mandamento principal? Qual é o essencial? Onde está o núcleo de tudo? A resposta de Jesus, como a de Hillel e de outros professores judeus, capta a fé básica de Israel: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser”. “Você amará o seu próximo como a si mesmo”.
Que ninguém pense que, ao falar de amor a Deus, estamos falando de emoções ou sentimentos em relação a um Ser imaginário, ou de convites para orações e devoções. “Amar a Deus de todo o coração” é reconhecer humildemente o Mistério último da vida; compreender com confiança a existência segundo a sua vontade: amar a Deus como Pai, que é bom e nos ama bem.
Tudo isto marca decisivamente a vida, pois significa enaltecer a existência desde as suas raízes. Então, participe da vida com gratidão; opte sempre pelo bom e pelo belo; viva com um coração de carne e não de pedra; resista a tudo o que trai a vontade de Deus, negando a vida e a dignidade dos seus filhos e filhas.
É por isso que o amor a Deus é inseparável do amor aos irmãos. É assim que Jesus se lembra: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O verdadeiro amor a Deus não é possível sem a escuta do sofrimento dos seus filhos e filhas. Que religião seria aquela em que a fome dos subnutridos ou o excesso dos satisfeitos não suscitasse quaisquer dúvidas ou preocupações aos crentes? Aqueles que resumem a religião de Jesus como “paixão por Deus e compaixão pela humanidade” não estão errados.
30 Tempo Comum – A
(Mateus 22,34-40)
29 de outubro
José Antonio Pagola
Fonte: Facebook