“Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: <Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente>? Disse Jesus: <Mandem o povo assentar-se>. Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens”. (Jo 6, 8-10)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6,1-15 (O Milagre da Multiplicação). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
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Por José Antonio Pagola
O GESTO DE UM JOVEM
De todos os atos realizados por Jesus durante a sua atividade profética, o mais lembrado pelas primeiras comunidades cristãs foi certamente uma grande refeição organizada por ele no meio do campo, perto do lago da Galileia. É o único episódio coletado em todos os evangelhos.
O conteúdo da história é muito rico. Seguindo seu costume, o evangelho de João não o chama de “milagre”, mas de “sinal”. Com isto, ele nos convida a não ficarmos nos acontecimentos narrados, mas a descobrir um significado mais profundo através da fé.
Jesus ocupa o lugar central. Ninguém lhe pede para intervir. É ele mesmo quem sente a fome daquelas pessoas e suscita a necessidade de alimentá-las. É comovente saber que Jesus não só alimentou as pessoas com a Boa Nova de Deus, mas também se preocupou com a fome dos seus filhos.
Como alimentar uma multidão no meio do campo? Os discípulos não encontram nenhuma solução. Felipe diz que eles não conseguem pensar em comprar pão porque não têm dinheiro. Andrés pensa que o que há pode ser partilhado, mas só um rapaz tem cinco pães e dois peixes. O que é isso para tantos?
Para Jesus é suficiente. Aquele jovem sem nome nem rosto vai tornar possível o que parece impossível. Sua disposição de compartilhar tudo o que você tem é a forma de alimentar essas pessoas. Jesus fará isso de novo. Ele pega os pães do jovem, agradece a Deus e começa a “distribuí-los” entre todos.
A cena é fascinante. Uma multidão, sentada na grama verde do campo, compartilhando uma refeição grátis num dia de primavera. Não é um banquete de homem rico. Não há vinho ou carne. É a comida simples das pessoas que vivem à beira do lago: pão de cevada e peixe salgado. Uma refeição fraterna servida por Jesus a todos graças ao gesto generoso de um jovem.
Esta refeição partilhada foi para os primeiros cristãos um símbolo atrativo da comunidade nascida de Jesus para construir uma humanidade nova e fraterna. Ao mesmo tempo, evocou a Eucaristia que celebravam no Dia do Senhor para se alimentarem do espírito e da força de Jesus: o Pão vivo que vem de Deus.
Mas nunca esqueceram o gesto do jovem. Se há fome no mundo, não é por falta de alimentos, mas por falta de solidariedade. Há pão para todos, falta generosidade para o partilhar. Deixámos a gestão do mundo nas mãos de um poder econômico desumano, temos medo de partilhar o que temos e as pessoas estão a morrer de fome devido ao nosso egoísmo irracional.
Domingo 17 Tempo Comum - B
(João 6:1-15)
28 de julho de 2024
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook