Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 27 de julho de 2024

“O gesto de um jovem”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: <Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente>? Disse Jesus: <Mandem o povo assentar-se>. Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens”. (Jo 6, 8-10)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6,1-15 (O Milagre da Multiplicação). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

O GESTO DE UM JOVEM

De todos os atos realizados por Jesus durante a sua atividade profética, o mais lembrado pelas primeiras comunidades cristãs foi certamente uma grande refeição organizada por ele no meio do campo, perto do lago da Galileia. É o único episódio coletado em todos os evangelhos.

O conteúdo da história é muito rico. Seguindo seu costume, o evangelho de João não o chama de “milagre”, mas de “sinal”. Com isto, ele nos convida a não ficarmos nos acontecimentos narrados, mas a descobrir um significado mais profundo através da fé.

Jesus ocupa o lugar central. Ninguém lhe pede para intervir. É ele mesmo quem sente a fome daquelas pessoas e suscita a necessidade de alimentá-las. É comovente saber que Jesus não só alimentou as pessoas com a Boa Nova de Deus, mas também se preocupou com a fome dos seus filhos.

Como alimentar uma multidão no meio do campo? Os discípulos não encontram nenhuma solução. Felipe diz que eles não conseguem pensar em comprar pão porque não têm dinheiro. Andrés pensa que o que há pode ser partilhado, mas só um rapaz tem cinco pães e dois peixes. O que é isso para tantos?

Para Jesus é suficiente. Aquele jovem sem nome nem rosto vai tornar possível o que parece impossível. Sua disposição de compartilhar tudo o que você tem é a forma de alimentar essas pessoas. Jesus fará isso de novo. Ele pega os pães do jovem, agradece a Deus e começa a “distribuí-los” entre todos.

A cena é fascinante. Uma multidão, sentada na grama verde do campo, compartilhando uma refeição grátis num dia de primavera. Não é um banquete de homem rico. Não há vinho ou carne. É a comida simples das pessoas que vivem à beira do lago: pão de cevada e peixe salgado. Uma refeição fraterna servida por Jesus a todos graças ao gesto generoso de um jovem.

Esta refeição partilhada foi para os primeiros cristãos um símbolo atrativo da comunidade nascida de Jesus para construir uma humanidade nova e fraterna. Ao mesmo tempo, evocou a Eucaristia que celebravam no Dia do Senhor para se alimentarem do espírito e da força de Jesus: o Pão vivo que vem de Deus.

Mas nunca esqueceram o gesto do jovem. Se há fome no mundo, não é por falta de alimentos, mas por falta de solidariedade. Há pão para todos, falta generosidade para o partilhar. Deixámos a gestão do mundo nas mãos de um poder econômico desumano, temos medo de partilhar o que temos e as pessoas estão a morrer de fome devido ao nosso egoísmo irracional.

Domingo 17 Tempo Comum - B

(João 6:1-15)

28 de julho de 2024

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook


domingo, 21 de julho de 2024

“Orar juntos e rir em comum”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"E os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.” (Mc, 30-31)

Hoje temos uma excelente reflexão baseada no texto bíblico Marcos 6,30-34 (Jesus ensina com a marca de compaixão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

02 Julho 2024

ORAR JUNTOS E RIR EM COMUM

A cena é cheia de ternura. Os discípulos chegam cansados ​​do trabalho que realizaram. A atividade é tão intensa que já não encontravam tempo para comer. E então Jesus lhes faz este convite: Venham para um lugar tranquilo para descansar”.

Nós, cristãos de hoje, esquecemos com demasiada frequência que um grupo de seguidores de Jesus não é apenas uma comunidade de oração, reflexão e trabalho, mas também uma comunidade de descanso e diversão.

Nem sempre foi assim. O texto que se segue não é de nenhum teólogo progressista. Foi escrito no século IV por aquele grande bispo que não desconfiava muito da frivolidade, Agostinho de Hipona.

«Um grupo de cristãos é um grupo de pessoas que rezam juntas, mas também conversam juntas. Eles riem juntos e trocam favores. Eles estão brincando juntos e falando sério juntos. Às vezes discordam, mas sem animosidade, como às vezes fazemos consigo mesmo, aproveitando essa discordância para reforçar sempre o acordo habitual.

Eles aprendem algo um com o outro ou ensinam um ao outro. Sentem falta, com tristeza, de quem está ausente. Eles acolhem com alegria quem chega. Fazem manifestações deste ou de outro tipo: faíscas do coração de quem se ama, expressas no rosto, na língua, nos olhos, em mil gestos de ternura».

Talvez o que mais nos surpreende hoje neste texto seja aquele aspecto do cristão que sabe rezar, mas também sabe rir. Eles sabem ser sérios e sabem brincar. A Igreja atual quase sempre parece séria e solene. Parece que os cristãos têm medo do riso, como se o riso fosse um sinal de frivolidade ou irresponsabilidade.

Existe, porém, um humor e saber rir que é sinal de maturidade e sabedoria. É o riso do crente que sabe relativizar o que é relativo, sem dramatizar desnecessariamente os problemas.

É um riso que nasce da confiança última naquele Deus que olha para todos nós com misericórdia e ternura. Uma risada que relaxa, liberta e dá força para continuar caminhando. Essa risada é uma delas. Quem ri junto não se agride nem se magoa, porque o riso verdadeiramente humano nasce de um coração que sabe compreender e amar.

16 Tempo Comum - B

(Marcos 6:30-34)

21 de julho de 2024

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial. com

Fonte: Facebook

sábado, 13 de julho de 2024

“Sem apoio social?” – Reflexão de José Antonio Pagola.

‘Naquele tempo, Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura.”  (Mc 6, 7-8)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Marcos 6, 7-13 (Missão dos Apóstolos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler! 

WCejnog

Por José Antonio Pagola

10 de julho de 2024

SEM APOIO SOCIAL?

Como poderia a Igreja recuperar o seu prestígio social e exercer novamente a influência que tinha na nossa sociedade há apenas alguns anos? Talvez sem o confessar em voz alta, há muitos que anseiam por aqueles tempos em que a Igreja pudesse anunciar a sua mensagem a partir de plataformas privilegiadas que contassem com o apoio do poder político.

Não deveríamos lutar para recuperar novamente aquele poder perdido que nos permite fazer uma eficaz “propaganda” religiosa e moral, capaz de superar outras ideologias e correntes de opinião que se impõem entre nós?

Não deveríamos desenvolver estruturas religiosas mais poderosas, fortalecer as nossas organizações e tornar a Igreja uma “empresa mais competitiva e lucrativa”?

Sem dúvida, no fundo desta preocupação está um desejo sincero de levar o Evangelho aos homens e mulheres do nosso tempo, mas será esse o caminho a seguir? As palavras de Jesus, ao enviar os seus discípulos sem pão nem saco, sem dinheiro nem túnica extra, insistem antes em “caminhar” mal, com liberdade, leveza e total disponibilidade.

O importante não são os equipamentos que nos dão segurança, mas a própria força do evangelho vivido com sinceridade, pois o evangelho penetra na sociedade não tanto através de meios eficazes de propaganda, mas através de testemunhas que vivem fielmente o seguimento de Jesus Cristo.

Organização e estruturas são necessárias na Igreja, mas apenas para sustentar a vida evangélica dos crentes. Uma Igreja carregada de bagagem excessiva corre o risco de se tornar sedentária e conservadora. No longo prazo, ela estará mais preocupada em prover para si mesma do que em andar livremente no serviço do reino de Deus.

Uma Igreja mais desprotegida, mais desprovida de privilégios e mais empobrecida em poder sociopolítico, será uma Igreja mais livre, capaz de oferecer o evangelho na sua verdade mais autêntica.

15 Tempo Comum – B

(Marcos 6,7-13)

14 de julho

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook