"E os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.” (Mc, 30-31)
Hoje temos uma excelente reflexão baseada no texto bíblico Marcos 6,30-34 (Jesus ensina com a marca de compaixão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
02 Julho 2024
ORAR JUNTOS E RIR EM COMUM
A cena é cheia de ternura. Os discípulos chegam cansados do trabalho que realizaram. A atividade é tão intensa que “já não encontravam tempo para comer”. E então Jesus lhes faz este convite: “Venham para um lugar tranquilo para descansar”.
Nós, cristãos de hoje, esquecemos com demasiada frequência que um grupo de seguidores de Jesus não é apenas uma comunidade de oração, reflexão e trabalho, mas também uma comunidade de descanso e diversão.
Nem sempre foi assim. O texto que se segue não é de nenhum teólogo progressista. Foi escrito no século IV por aquele grande bispo que não desconfiava muito da frivolidade, Agostinho de Hipona.
«Um grupo de cristãos é um grupo de pessoas que rezam juntas, mas também conversam juntas. Eles riem juntos e trocam favores. Eles estão brincando juntos e falando sério juntos. Às vezes discordam, mas sem animosidade, como às vezes fazemos consigo mesmo, aproveitando essa discordância para reforçar sempre o acordo habitual.
Eles aprendem algo um com o outro ou ensinam um ao outro. Sentem falta, com tristeza, de quem está ausente. Eles acolhem com alegria quem chega. Fazem manifestações deste ou de outro tipo: faíscas do coração de quem se ama, expressas no rosto, na língua, nos olhos, em mil gestos de ternura».
Talvez o que mais nos surpreende hoje neste texto seja aquele aspecto do cristão que sabe rezar, mas também sabe rir. Eles sabem ser sérios e sabem brincar. A Igreja atual quase sempre parece séria e solene. Parece que os cristãos têm medo do riso, como se o riso fosse um sinal de frivolidade ou irresponsabilidade.
Existe, porém, um humor e saber rir que é sinal de maturidade e sabedoria. É o riso do crente que sabe relativizar o que é relativo, sem dramatizar desnecessariamente os problemas.
É um riso que nasce da confiança última naquele Deus que olha para todos nós com misericórdia e ternura. Uma risada que relaxa, liberta e dá força para continuar caminhando. Essa risada é uma delas. Quem ri junto não se agride nem se magoa, porque o riso verdadeiramente humano nasce de um coração que sabe compreender e amar.
16 Tempo Comum - B
(Marcos 6:30-34)
21 de julho de 2024
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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