‘Naquele tempo, Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura.” (Mc 6, 7-8)
Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Marcos 6, 7-13 (Missão dos Apóstolos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
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Por José Antonio Pagola
10 de julho de 2024
SEM APOIO SOCIAL?
Como poderia a Igreja recuperar o seu prestígio social e exercer novamente a influência que tinha na nossa sociedade há apenas alguns anos? Talvez sem o confessar em voz alta, há muitos que anseiam por aqueles tempos em que a Igreja pudesse anunciar a sua mensagem a partir de plataformas privilegiadas que contassem com o apoio do poder político.
Não deveríamos lutar para recuperar novamente aquele poder perdido que nos permite fazer uma eficaz “propaganda” religiosa e moral, capaz de superar outras ideologias e correntes de opinião que se impõem entre nós?
Não deveríamos desenvolver estruturas religiosas mais poderosas, fortalecer as nossas organizações e tornar a Igreja uma “empresa mais competitiva e lucrativa”?
Sem dúvida, no fundo desta preocupação está um desejo sincero de levar o Evangelho aos homens e mulheres do nosso tempo, mas será esse o caminho a seguir? As palavras de Jesus, ao enviar os seus discípulos sem pão nem saco, sem dinheiro nem túnica extra, insistem antes em “caminhar” mal, com liberdade, leveza e total disponibilidade.
O importante não são os equipamentos que nos dão segurança, mas a própria força do evangelho vivido com sinceridade, pois o evangelho penetra na sociedade não tanto através de meios eficazes de propaganda, mas através de testemunhas que vivem fielmente o seguimento de Jesus Cristo.
Organização e estruturas são necessárias na Igreja, mas apenas para sustentar a vida evangélica dos crentes. Uma Igreja carregada de bagagem excessiva corre o risco de se tornar sedentária e conservadora. No longo prazo, ela estará mais preocupada em prover para si mesma do que em andar livremente no serviço do reino de Deus.
Uma Igreja mais desprotegida, mais desprovida de privilégios e mais empobrecida em poder sociopolítico, será uma Igreja mais livre, capaz de oferecer o evangelho na sua verdade mais autêntica.
15 Tempo Comum – B
(Marcos 6,7-13)
14 de julho
José Antonio Pagola
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Fonte:
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