"E
eu vos digo: pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e vos será
aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que
bater, se lhe abrirá." (Jo 11, 9-10)
A reflexão
que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol
José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Lc 11, 1-13 (“Senhor, ensina-nos a rezar”).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnog
IHU
– ADITAL
26
Julho 2019
As
três chamadas de Jesus
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lc 11,1-13, que corresponde ao
17° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
“Eu vos digo: Peçam e lhes será dado. Procurem e
encontrarão! Chamai e se vos abrirá.” É
provável que Jesus tenha proferido essas palavras quando se deslocava
pelas aldeias da Galileia, pedindo algo para comer, procurando abrigo e batendo
à porta dos vizinhos. Ele sabia aproveitar as experiências mais simples da vida
para despertar a confiança dos seus seguidores no Pai Bondoso de todos.
Curiosamente, em nenhum momento nos é dito o que
temos que pedir ou procurar nem em que porta bater. O importante para Jesus é a
atitude. Diante do Pai devemos viver como pobres que pedem o que
necessitam para viver, como pessoas perdidas que procuram o caminho que não conhecem
bem, como pessoas indefesas que chamam à porta de Deus.
As três chamadas de Jesus convidam-nos a
despertar a confiança no Pai, mas este convite é realizado com matizes
diferentes. “Pedir” é a atitude
própria do pobre. Temos que pedir a Deus o que não podemos dar a nós mesmos: o
alento da vida, o perdão, a paz interior, a salvação. “Procurar” não é somente pedir. É, além
disso, dar passos para conseguir o que não está ao nosso alcance. Assim,
devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça: um mundo mais
humano e digno para todos. “Chamar”
é bater à porta, insistir, gritar a Deus quando o sentimos longe.
A confiança de Jesus no Pai é absoluta. Quer que os
seus discípulos nunca o esqueçam: o que pede, está a receber; o que procura
encontra e o que chama se lhe abre. Jesus não diz o que recebem concretamente
os que estão a pedir, o que encontram os que procuram ou o que alcançam os que
gritam. Sua promessa é outra: aqueles que confiam em Deus, recebem;
aqueles que acodem a Ele recebem “coisas boas”.
Jesus não dá explicações complicadas. Dá três
exemplos que os pais e as mães de todos os tempos podem entender. Quem é o pai
ou a mãe que, quando o filho lhe pede um pedaço de pão, lhe dá uma pedra como
as que se veem no caminho? Ou, se lhe pede um peixe, lhe dará uma cobra? Ou, se
lhe pede um ovo, lhe dará um escorpião daqueles que se veem na margem do lago?
Os pais não escarnecem dos seus filhos. Não os
enganam, nem lhes dão algo que possa prejudicá-los, a não ser «coisas boas».
Jesus tira rapidamente a conclusão. “Quanto mais o vosso Pai do Céu dará o seu
Espírito Santo àqueles que lhe peçam”. Para Jesus, o melhor que podemos pedir e
receber de Deus é seu Sopro, seu Espírito, seu Amor que sustenta e salva
a nossa vida.