(...) Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o
sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada. "Tirem a pedra", disse ele. Disse
Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro
dias".
Disse-lhe Jesus: "Não lhe falei que, se você
cresse, veria a glória de Deus? "
Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e
disse: "Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sabia que sempre me
ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que creia que tu me
enviaste".
Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz:
"Lázaro, venha para fora! "
O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: "Tirem as faixas dele e deixem-no ir". (...) (Jo 11, 34-44)
O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: "Tirem as faixas dele e deixem-no ir". (...) (Jo 11, 34-44)
Abaixo, uma boa reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 11, 1-45 ("Lázaro, sái para fora!"). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada na no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
27 Março 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 11,1-45 que corresponde ao Quinto
Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Estamos demasiado presos pelo «mais cá» para
nos preocuparmos com o «mais lá». Submetidos a um ritmo de vida que nos atordoa
e escraviza, oprimidos por uma informação asfixiante de notícias e
acontecimentos diários, fascinados por mil atrativos que o desenvolvimento
técnico coloca em nossas mãos, não parece que necessitemos de um horizonte mais
amplo do que «esta vida», em que nos movemos.
Para que pensar em «outra vida»? Não é melhor gastar todas as nossas forças em organizar o melhor
possível a nossa existência neste mundo? Não deveríamos esforçar-nos ao máximo
em viver esta vida de agora e calarmo-nos a respeito de todo o resto? Não é
melhor aceitar a vida com a sua escuridão e os seus enigmas, e deixar o «além»
como um mistério do qual nada se sabe?
No entanto, o homem contemporâneo, como o de todas
as épocas, sabe que, no fundo do seu ser, está sempre latente a pergunta mais
séria e difícil de responder: o que acontecerá com todos e cada um de nós?
Qualquer que seja a nossa ideologia ou a nossa fé, o verdadeiro problema que
todos estamos enfrentando é o nosso futuro. Que fim nos espera?
Peter Berger
recordou-nos com profundo realismo que «toda a sociedade humana é, em última
instância, uma congregação de homens frente à morte». Por isso, é precisamente ante
a morte que aparece com mais claridade «a verdade» da civilização
contemporânea que, curiosamente, não sabe o que fazer com ela que não seja
escondê-la e evitar ao máximo seu trágico desafio.
Mais honesta parece ser a posição de pessoas como Eduardo
Chillida, que em algumas ocasiões se expressou nestes termos: «Da morte, a
razão diz-me que é definitiva. Da razão, a razão diz-me que é limitada».
É aqui onde temos de situar a posição do crente,
que sabe lidar com realismo e modéstia o ato inevitável da morte, mas que o faz
com uma confiança radical no Cristo ressuscitado. Uma confiança que
dificilmente pode ser entendida «desde fora» e que só pode ser vivida por quem
escutou, alguma vez, no fundo do seu ser, as palavras de Jesus: «Eu sou a
ressurreição e a vida». Acreditas nisto?