Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 6 de março de 2020

“Os medos da Igreja”. – Reflexão de José Antonio Pagola.



"Mas Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantem-se! Não tenham medo!” (Mt 17,7)

Hoje trago para este espaço uma excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mt 17, 1-9 (Transfiguração de Jesus). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU – ADITAL

06 Março 2020

Os medos da Igreja



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 17,1-9 que corresponde ao Segundo Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto.

Provavelmente, é o medo o que mais paralisa os cristãos no seguir fielmente a Jesus Cristo. Na Igreja atual há pecado e fraqueza, mas, sobretudo, existe o medo de correr riscos. Iniciamos o terceiro milênio sem audácia para renovar criativamente a vivência da fé cristã. Não é difícil assinalar alguns desses medos.

Temos medo do novo, como se «conservar o passado» garantisse automaticamente a fidelidade ao Evangelho. É verdade que o Concílio Vaticano II afirmou de forma rotunda que na Igreja deve haver «uma constante reforma», pois «como instituição humana, necessita-a permanentemente». No entanto, não é menos verdade que o que move nestes momentos a Igreja não é tanto um espírito de renovação, mas um instinto de conservação.

Temos medo de assumir as tensões e conflitos que surgem com a busca de fidelidade ao evangelho. Calamo-nos quando deveríamos falar; inibimo-nos quando deveríamos intervir. Proíbe-se o debate de questões importantes, para evitar situações que podem inquietar; preferimos a adesão rotineira que não traz problemas nem desgosta a hierarquia.

Temos medo da investigação teológica criativa. Medo de rever ritos e linguagens litúrgicas que não favorecem hoje a celebração viva da fé. Medo de falar dos «direitos humanos» dentro da Igreja. Medo de reconhecer praticamente à mulher um lugar mais de acordo com o espírito de Jesus.

Temos medo de colocar a misericórdia acima de tudo, esquecendo que a Igreja não recebeu o «ministério do julgamento e da condenação», mas o «ministério da reconciliação». Há medo de acolher os pecadores como Jesus fez. Dificilmente se dirá hoje da Igreja que é «amiga dos pecadores», como se dizia do Seu Mestre.

Segundo o relato evangélico, os discípulos caem por terra «cheios de medo» ao ouvir uma voz que lhes diz: «Este é o meu Filho amado ... escutai-O». 

É assustador ouvir apenas Jesus. É o próprio Jesus quem se aproxima, toca-lhes e diz: «Levantai-vos, não tenhais medo». Só o contato vivo com Cristo nos poderia libertar de tanto medo.

 



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