Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 13 de março de 2020

“Algo não está bem na Igreja”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



“Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: ‘Dê-me um pouco de água’.  (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)

A mulher samaritana lhe perguntou: ‘Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?’ (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)

Jesus lhe respondeu: ‘Se você conhecesse o dom de Deus e quem está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia água viva’.”  (Jo 4, 5-10)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Jo 4, 5-42 (Jesus e a mulher samaritana).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.
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IHU – ADITAL

13 março 2020



Algo não está bem na Igreja



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 4,5-42 que corresponde ao Terceiro Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.



Eis o texto



A cena foi recriada pelo evangelista João, mas permite-nos conhecer como era Jesus. Um profeta que sabe dialogar sozinho e amigavelmente com uma mulher samaritana, pertencente a um povo impuro, odiado pelos judeus. Um homem que sabe escutar a sede do coração humano e restaurar a vida das pessoas.



Junto ao poço de Sicar, ambos falam sobre a vida. A mulher convive com um homem que não é o seu marido. Jesus sabe disso, mas não se indigna nem recrimina. Fala-lhe de Deus e explica-lhe que é um «presente»: «Se conhecesses o dom de Deus, tudo mudaria, até a tua sede insaciável de vida». No coração da mulher, desperta uma pergunta: «Será este o Messias?».



Algo não está bem na nossa Igreja se as pessoas mais solitárias e maltratadas não se sentem escutadas e acolhidas pelos que dizíamos seguir Jesus. Como vamos introduzir no mundo o seu evangelho sem «nos sentarmos» a escutar o sofrimento, o desespero ou a solidão das pessoas?



Algo não está bem na nossa Igreja se as pessoas nos veem quase sempre como representantes da lei e da moral, e não como profetas da misericórdia de Deus. Como vão «adivinhar» em nós aquele Jesus que atraía as pessoas para vontade do Pai, revelando-lhes o Seu amor compassivo?



Algo não está bem na nossa Igreja quando as pessoas, perdidas numa obscura crise de fé, perguntam por Deus e nós falamos de controle de natalidade, de divórcio ou de preservativos. De que falaria hoje com as pessoas aquele que dialogava com a samaritana tratando de mostrar-lhe o melhor caminho para saciar a sua sede de felicidade?



Algo está mal na nossa Igreja se as pessoas não se sentem amadas por quem são os seus membros. Dizia Santo Agostinho: «Se queres conhecer uma pessoa, não perguntes o que pensa, pergunta o que ama». Ouvimos falar muito sobre o que a Igreja pensa, mas os que sofrem perguntam-se o que a Igreja ama, quem ama e como os ama. Que podemos responder desde as nossas comunidades cristãs?





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