“Nisso veio uma mulher samaritana tirar
água. Disse-lhe Jesus: ‘Dê-me um pouco de água’. (Os seus discípulos tinham ido à cidade
comprar comida.)
A mulher samaritana lhe perguntou: ‘Como
o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?’ (Pois os
judeus não se dão bem com os samaritanos.)
Jesus lhe respondeu: ‘Se você conhecesse
o dom de Deus e quem está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia
água viva’.” (Jo 4, 5-10)
A reflexão
que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol
José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Jo 4, 5-42 (Jesus e a mulher samaritana).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnog
IHU
– ADITAL
13
março 2020
Algo
não está bem na Igreja
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 4,5-42 que corresponde ao Terceiro
Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A cena foi recriada pelo evangelista João, mas
permite-nos conhecer como era Jesus. Um profeta que sabe dialogar sozinho e
amigavelmente com uma mulher samaritana, pertencente a um povo impuro, odiado
pelos judeus. Um homem que sabe escutar a sede do coração humano e restaurar
a vida das pessoas.
Junto ao poço de Sicar, ambos falam sobre a vida. A
mulher convive com um homem que não é o seu marido. Jesus sabe disso, mas não
se indigna nem recrimina. Fala-lhe de Deus e explica-lhe que é um «presente»:
«Se conhecesses o dom de Deus, tudo mudaria, até a tua sede insaciável de
vida». No coração da mulher, desperta uma pergunta: «Será este o Messias?».
Algo não está bem na nossa Igreja se as pessoas
mais solitárias e maltratadas não se sentem escutadas e acolhidas pelos que
dizíamos seguir Jesus. Como vamos introduzir no mundo o seu evangelho
sem «nos sentarmos» a escutar o sofrimento, o desespero ou a solidão das
pessoas?
Algo não está bem na nossa Igreja se as pessoas nos
veem quase sempre como representantes da lei e da moral, e não como profetas da
misericórdia de Deus. Como vão «adivinhar» em nós aquele Jesus que
atraía as pessoas para vontade do Pai, revelando-lhes o Seu amor compassivo?
Algo não está bem na nossa Igreja quando as
pessoas, perdidas numa obscura crise de fé, perguntam por Deus e nós falamos de
controle de natalidade, de divórcio ou de preservativos. De que falaria hoje com as pessoas aquele que dialogava com a
samaritana tratando de mostrar-lhe o melhor caminho para saciar a sua sede de
felicidade?
Algo está mal na nossa Igreja se as pessoas não se
sentem amadas por quem são os seus membros. Dizia
Santo Agostinho: «Se queres conhecer uma pessoa, não perguntes o que pensa,
pergunta o que ama». Ouvimos falar muito sobre o que a Igreja pensa, mas os que
sofrem perguntam-se o que a Igreja ama, quem ama e como os ama. Que podemos
responder desde as nossas comunidades cristãs?
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