"Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a ter pavor e a angustiar-se. Disse-lhes: A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai. Adiantando-se alguns passos, prostrou-se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. Aba! (Pai!), suplicava ele. Tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres." (Mc 14, 33-36)
Abaixo, uma boa reflexão muito apropriada para este domingo. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 14,1 - 15,47 (Domingo de Ramos: Última céia, Oração no jardim de Oliveiras). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor em sua página do Facebook. Vale a pena ler!
Wcejnóg
Por José Antonio Pagola
24 Março 2021
JESUS ANTES DE SUA MORTE
Reflexão
Jesus antecipou seriamente a possibilidade de uma morte violenta. Talvez ele não contasse com a intervenção da autoridade romana ou a crucificação como o último destino mais provável. Mas a reação que seu desempenho estava causando nos setores mais poderosos não lhe foi escondida. A face de Deus que ele apresenta desfaz muitos esquemas teológicos, e o anúncio de seu reinado quebra muitas seguranças políticas e religiosas.
No entanto, nada modifica seu desempenho. Não evita a morte. Não se defende. Ele não foge. Ele também não busca sua condenação. Jesus não é o homem que busca a morte em uma atitude suicida. Durante sua curta estada em Jerusalém, ele fez um esforço para se esconder e não aparecer em público.
Se quisermos saber como Jesus viveu sua morte, temos que parar em duas atitudes fundamentais que dão sentido a todo o seu comportamento final. Toda a sua vida tem sido "sair do seu caminho" pela causa de Deus e pelo serviço libertador aos homens. Sua morte agora selará sua vida. Jesus morrerá por fidelidade ao Pai e por solidariedade com os homens.
Em primeiro lugar, Jesus enfrenta a própria morte por uma atitude de total confiança no Pai. Ele avança para a morte, convencido de que sua execução não poderá impedir a chegada do reino de Deus, que ele continua anunciando até o fim.
No jantar de despedida, Jesus manifesta a sua total fé em que voltará a comer a verdadeira Páscoa com o seu povo, quando estiver estabelecido o reino definitivo de Deus, sobretudo as injustiças que o homem pode cometer.
Quando tudo falha e até mesmo Deus parece abandoná-lo como um falso profeta, justamente condenado em nome da lei, Jesus clama: “Pai, coloco a minha vida nas tuas mãos”.
Por outro lado, Jesus morre em atitude de solidariedade e de serviço a todos. Toda a sua vida consistiu em defender os pobres contra a desumanidade dos ricos, em solidariedade com os fracos contra os interesses egoístas dos poderosos, em anunciar o perdão aos pecadores diante da dureza inabalável dos "justos".
Agora ele sofre a morte de um homem pobre, um homem abandonado que nada pode fazer diante do poder daqueles que governam a terra. E ele vive sua morte como um serviço. O último e supremo serviço que você pode prestar à causa de Deus e à salvação final de seus filhos e filhas.
Domingo de Ramos - B
(Marcos 14,1 - 15,47)
21 de março de 2021
Fonte: Facebook