Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 6 de março de 2021

“O amor não se compra”. – Reflexão do José Antonio Pagola.

 

‘No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas. Aos que vendiam pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!" ’  (Jo 2, 14-16)

 

Hoje trago para este espaço uma reflexão muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 2, 13-25  (Jesus explulsa os vendedores no templo) . É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler! 

WCejnóg

IHU – ADITAL

05 Março 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 2,13-25, que corresponde ao 3° Domingo de Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

Eis o texto. 

Quando Jesus entra no Templo de Jerusalém, não encontra pessoas que procuram Deus, mas sim comércio religioso. A sua atuação violenta perante os «vendedores e cambistas» não é mais do que a reação do Profeta que se encontra com a religião transformada em mercado.

Aquele Templo, chamado a ser o lugar onde se haveria de manifestar a glória de Deus e o seu amor fiel, converteu-se em lugar de enganos e abusos, onde reina o desejo de dinheiro e comércio de interesses.

Quem conheça Jesus não estranhará sua indignação. Se algo aparece constantemente no núcleo da sua mensagem, é a gratuidade de Deus, que ama os seus filhos e filhas sem limites e só quer ver entre eles o amor fraternal e solidário.

Portanto, uma vida transformada em mercado, onde tudo se compra e vende – inclusive a relação com o mistério de Deus –, é a perversão mais destruidora do que Jesus quer promover. É certo que a nossa vida só é possível a partir do intercâmbio e do serviço mútuo. Todos vivemos dando e recebendo. O risco está em reduzir as nossas relações a comércio interessado, pensando que na vida tudo consiste em vender e comprar, tirando o máximo proveito dos outros.

Quase sem nos darmos conta, podemos converter-nos em «vendedores e cambistas» que não sabem fazer outra coisa senão negociar. Homens e mulheres incapacitados de amar, que eliminaram das suas vidas tudo o que seja dar.

É fácil então a tentação de negociar mesmo com Deus. Oferece-lhe algum culto para ficar bem com Ele, pagam-se missas ou fazem-se promessas para obter dele algum benefício, cumprem-se ritos para tê-lo a nosso favor. O grave é esquecer que Deus é amor, e o amor não se compra. Por algo dizia Jesus que Deus «quer amor e não sacrifícios».

Talvez o primeiro que precisamos escutar hoje na Igreja é o anúncio da gratuidade de Deus. Num mundo convertido em mercado, onde tudo é exigido, comprado ou ganho, só o gratuito pode continuar a fascinar e surpreender, porque é o sinal mais autêntico do amor.

Os crentes devemos estar mais atentos em não desfigurar um Deus que é amor gratuito, fazendo-O à nossa medida: tão triste, egoísta e pequeno como as nossas vidas mercantilizadas.

Quem conhece «a sensação da graça» e já experimentou alguma vez o amor surpreendente de Deus, sente-se convidado a irradiar a sua gratuidade e é provavelmente aquele que melhor pode introduzir algo bom e novo nesta sociedade em que tantas pessoas morrem de solidão, tédio e falta de amor.

Fonte: IHU – Comentãrio do Evangelho


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