Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 12 de junho de 2021

“Nem tudo é trabalhar”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo".  (Mc 4, 34)

Hoje trago para este espaço mais uma excelente reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 4,26-34 (As sementes). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

11 Junho 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 4,26-34, que corresponde ao 11° domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto.

Poucas parábolas podem causar maior rejeição na nossa cultura de desempenho, produtividade e eficácia do que esta pequena parábola em que Jesus compara o reino de Deus com esse misterioso crescimento da semente, que se produz sem a intervenção do semeador.


Esta parábola, tão esquecida hoje, destaca o contraste entre a espera paciente do semeador e o crescimento irresistível da semente. Enquanto o semeador dorme, a semente vai germinando e crescendo «ela só», sem a intervenção do agricultor e «sem que ele saiba como».

Habituados a valorizar quase exclusivamente a eficiência e a performance, esquecemo-nos de que o Evangelho fala de fecundidade, não de esforço, pois Jesus entende que a lei fundamental do crescimento humano não é o trabalho, mas sim o acolhimento da vida que vamos recebendo de Deus.

A sociedade atual empurra-nos com tal força para o trabalho, a atividade e o rendimento que já não percebemos até que ponto nos empobrecemos quando tudo se reduz ao trabalho e a ser eficazes.

De fato, a «lógica da eficácia» leva o homem contemporâneo a uma existência tensa e sobrecarregada, a uma deterioração crescente das suas relações com o mundo e as pessoas, a um esvaziamento interior e a essa «síndrome da imanência» (José María Rovira Belloso) em que Deus desaparece a pouco e pouco do horizonte da pessoa.

A vida não é só trabalho e produtividade, mas um presente de Deus que devemos acolher e desfrutar com coração agradecido. Para ser humana, a pessoa precisa aprender a estar na vida não só a partir de uma atitude produtiva, mas também contemplativa. A vida adquire uma nova e mais profunda dimensão quando conseguimos viver a experiência do amor gratuito, criativo e dinamizador de Deus.

Necessitamos aprender a viver mais atentos a tudo o que há de oferta na existência; despertar no nosso interior o agradecimento e o louvor; libertarmo-nos da pesada «lógica de eficácia» e abrir na nossa vida espaços para o gratuito.

Temos de agradecer a tantas pessoas que alegram a nossa vida, e não passar à margem de tantas paisagens feitas apenas para serem contempladas. Saboreia a vida como graça o que se deixa amar, o que se deixa surpreender pelo bom de cada dia, o que se deixa agraciar e abençoar por Deus.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

 

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