Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 18 de junho de 2021

"Confiar". - Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: ‘Mestre, não te importas que morramos?’  Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Aquiete-se! Acalme-se!’ O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?’  (Mc 4, 38-40)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 4,35-41 (A justiça do Reino de Deus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

18 Junho 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 4,35-41, que corresponde ao 12° domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Pouco se ouve falar hoje da «providência de Deus». É uma linguagem que tem caído em desuso ou que se converteu numa forma piedosa de considerar certos acontecimentos. No entanto, acreditar no amor providente de Deus é uma característica básica do cristão.

Tudo brota de uma convicção radical. Deus não abandona nem se desentende daqueles a quem cria, mas sustenta sua vida com amor fiel, vigilante e criador. Não estamos à mercê do acaso, do caos ou da fatalidade. No interior da realidade está Deus, conduzindo o nosso ser para o bem.

Esta fé não liberta de penas e trabalhos, mas enraíza o crente na confiança total em Deus, que expulsa o medo de cair definitivamente sob as forças do mal. Deus é o Senhor último das nossas vidas. Daí o convite da primeira carta de São Pedro: «Entreguem-lhe toda a vossa ansiedade, porque ele cuida de vós». (1 Pedro 5,7).

Isto não quer dizer que Deus «intervenha» nas nossas vidas como intervêm outras pessoas ou fatores. A fé na Providência caiu por vezes em descrédito precisamente porque foi entendida num sentido intervencionista, como se Deus se intrometesse nas nossas coisas, forçando os acontecimentos ou eliminando a liberdade humana. Não é assim. Deus respeita totalmente as escolhas das pessoas e a marcha da história.

Por isso, não se deve dizer propriamente que Deus «guia» as nossas vidas, mas sim que oferece sua graça e sua força para que nós a orientemos e guiemos para o nosso bem. Assim, a presença providencial de Deus não leva à passividade ou à inibição, mas à iniciativa e criatividade.

Por outro lado, não devemos esquecer que, embora possamos captar sinais do amor providencial de Deus em experiências concretas da nossa vida, a sua ação permanece sempre inescrutável. O que hoje nos parece mau pode ser amanhã uma fonte de bem. Somos incapazes de abarcar a totalidade da nossa existência; escapa-nos o sentido final das coisas; não podemos compreender os acontecimentos nas suas últimas consequências. Tudo está sob o sinal do amor de Deus, que não esquece nenhuma das suas criaturas.

Nesta perspectiva, a cena do Lago Tiberíades adquire toda a sua profundidade. No meio da tempestade, os discípulos veem Jesus dormindo confiantemente no barco. Do seu coração cheio de medo brota um grito: «Mestre, não te importa que nos morramos?». Jesus, depois de contagiar a sua própria calma ao mar e ao vento, diz-lhes: «Por que sois tão covardes? Ainda não tendes fé?».

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

 

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