Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

“Má consciência” – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!

 

"Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: <Afirmo que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros.Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver>”. (Mc 12, 43-44)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito boa e importante para os tempos em que vivemos. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Mc 12, 38-44  (A oferta da pobre viúva).

Não deixe de ler e refletir.

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IHU - ADITAL

05 Novembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 12, 38-44, que corresponde ao 32º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Má consciência

Em teoria, os pobres são para a Igreja o que foram para Jesus: os preferidos, os primeiros que hão de atrair a nossa atenção e interesse. Mas é apenas em teoria, pois na verdade não acontece assim. E não é questão de ideias, mas de sensibilidade ante o sofrimento dos débeis. Em teoria, todo cristão dirá que está do lado dos pobres. A questão é saber que lugar ocupam realmente na vida da Igreja e dos cristãos.

É verdade – e é preciso dizê-lo em voz alta – que na Igreja há muitas, muitíssimas pessoas, grupos, organismos, congregações, missionários, voluntários leigos que não só se preocupam com os pobres, mas que, impulsionados pelo mesmo espírito de Jesus, dedicam toda sua vida e até a arriscam para defender a dignidade e os direitos dos mais desfavorecidos, mas qual é nossa atitude generalizada nas comunidades cristãs dos países ricos?

Enquanto se trata apenas de prestar alguma ajuda ou de dar um donativo, não há nenhum problema especial. As esmolas tranquilizam-nos para continuar a viver com boa consciência. Os pobres começam a incomodar-nos quando nos obrigam a considerar que nível de vida nos podemos permitir, sabendo que todos os dias morrem de fome no mundo não menos de setenta mil pessoas.

Em geral, entre nós, não são tão visíveis a fome e a miséria. O mais patente é a vida injustamente marginalizada e pouco digna dos pobres. Na prática, os pobres da nossa sociedade carecem dos direitos que têm os demais; não merecem o respeito que merece toda a pessoas normal; não representam nada de importante para quase ninguém. Encontrar-nos com eles perturba-nos. Os pobres desmascaram os nossos grandes discursos sobre o progresso e põem a descoberto a mesquinhez da nossa caridade. Não nos deixam viver com uma consciência tranquila.

O episódio evangélico em que Jesus elogia a viúva pobre deixa envergonhados aqueles de nós que vivemos satisfeitos com o nosso bem-estar. Nós talvez damos algo do que nos sobra, mas esta mulher que «passa necessidade» sabe dar «tudo o que tem para viver». Quantas vezes são os pobres os que melhor nos ensinam a viver de forma digna e com coração grande e generoso.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho


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