“Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e os partiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem ao povo. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram”. (Lc, 9, 16-17)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc, 9,11b-17 (Milagre dos pães). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
15 Junho 2022
A EUCARISTIA COMO ATO SOCIAL
Segundo os exegetas, a multiplicação dos pães é uma história que nos permite descobrir o significado que a Eucaristia teve para os primeiros cristãos como um gesto de irmãos que sabem distribuir e partilhar o que possuem.
De acordo com a história, há uma multidão de pessoas necessitadas e famintas ali. Pães e peixes não são comprados, eles são recolhidos. E tudo se multiplica e se distribui sob a ação de Jesus, que abençoa o pão, o parte e o distribui entre os necessitados.
Muitas vezes esquecemos que, para os primeiros cristãos, a Eucaristia não era apenas uma liturgia, mas um ato social em que cada um colocava seus bens à disposição dos necessitados. Num conhecido texto do século II, em que São Justino descreve como os cristãos celebravam a Eucaristia semanal, diz-se que cada um dá o que tem para "ajudar os órfãos e as viúvas, os que sofrem de doença ou por outro motivo, aos presos, aos estrangeiros de passagem e, numa palavra, aos necessitados».
Durante os primeiros séculos era inconcebível ir celebrar a Eucaristia sem trazer algo para ajudar os necessitados. É assim que Cipriano, bispo de Cartago, repreende uma rica matrona: «Os teus olhos não vêem os necessitados e os pobres porque estão escurecidos e cobertos por uma noite espessa. Você é sortuda e rica. Você pode imaginar celebrar a Ceia do Senhor sem levar em conta a oferta. Você vem à ceia do Senhor sem oferecer nada. Você suprime a parte da oferta que pertence aos pobres”.
A oração que hoje se faz pelas diversas necessidades das pessoas não é um acréscimo falso e externo à celebração eucarística. A própria Eucaristia exige distribuição e partilha. Domingo após domingo, nós crentes que viemos partilhar o pão eucarístico devemos sentir-nos chamados a partilhar verdadeiramente os nossos bens com os necessitados.
Seria uma pretensa contradição partilhar a mesa do Senhor como irmãos, fechando os nossos corações a quem vive neste momento a angústia de um futuro incerto. Jesus não pode abençoar nossa mesa se cada um de nós guardar seu próprio pão e peixe.
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – C
(Lucas 9,11b-17)
19 de junho
Jose Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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