"Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que
recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é
consolado e tu atormentado.
E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que
quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para
cá."
(Lc 16, 25-26)
Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 16,19-31 (Parábola do homem rico e pobre Lázaro). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
José Antonio Pagola
23 Setembro 2022
Nova classificação
Vamos mergulhar um pouco no pensamento de Jesus. O rico da parábola não é descrito como um explorador que oprime sem escrúpulos seus servos. Esse não é o seu pecado. O rico é condenado porque desfruta descuidadamente de sua riqueza sem se aproximar do pobre Lázaro. Esta é a profunda convicção de Jesus. Quando a riqueza é "gozo exclusivo da abundância", não faz a pessoa crescer, mas antes a desumaniza, pois a torna indiferente e sem apoio diante da desgraça alheia.
Surge assim um muro, que está dando origem a uma nova classificação entre nós. A classe dos que têm trabalho e a classe dos que não têm. Aqueles de nós que podem continuar a aumentar nosso bem-estar e aqueles que estão ficando mais pobres. Aqueles de nós que exigem uma remuneração cada vez maior e acordos cada vez mais vantajosos e aqueles que não podem mais "exigir" nada.
A parábola é um desafio à nossa vida satisfeita. Podemos ainda organizar os nossos "jantares de fim de semana" e continuar a gozar com alegria o nosso bem-estar quando o fantasma da pobreza já ameaça muitos lares?
Nosso grande pecado é a indiferença. O desemprego tornou-se algo tão “normal e cotidiano” que já não nos choca nem nos machuca tanto. Cada um de nós se tranca em "nossa vida" e permanece cego e insensível à frustração, crise familiar, insegurança e desespero desses homens e mulheres.
O desemprego não é apenas um fenômeno que reflete o fracasso de um sistema socioeconômico radicalmente injusto. Desempregados são pessoas específicas que neste momento precisam da ajuda daqueles de nós que desfrutam da segurança de um emprego.
Daremos passos concretos de solidariedade se nos atrevermos a responder a estas perguntas:
Realmente precisamos de tudo o que compramos?
Quando termina nossa necessidade e quando começam nossos caprichos?
Como podemos ajudar os desempregados?
26 Tempo Comum – C
(Lucas 16,19-31)
25 de setembro
Jose Antonio Pagola
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Fonte: Facebook