“Disse-lhes Jesus: <E vós quem dizeis que eu sou?> Simão Pedro respondeu: <Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!>. Jesus, então, lhe disse: <Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus>.” (Mt 16, 15-17)
Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 16,13-20 (As chaves do reino). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
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Por José Antonio Pagola
23 Agosto 2023
NOSSA IMAGEM DE JESUS
A pergunta de Jesus: «Quem dizeis que eu sou?» continua a exigir uma resposta dos crentes do nosso tempo. Nem todos nós temos a mesma imagem de Jesus. E isto não só pela natureza inesgotável da sua personalidade, mas, sobretudo, porque cada um de nós cria a sua imagem de Jesus a partir dos nossos interesses e preocupações, condicionado pela nossa psicologia pessoal e pelo meio social a que pertencemos, e marcada pela formação religiosa que recebemos.
E, no entanto, a imagem de Cristo que cada um de nós pode ter é de importância decisiva para a nossa vida, pois condiciona a nossa forma de compreender e viver a fé. Uma imagem empobrecida, unilateral, parcial ou falsa de Jesus nos levará a uma experiência de fé empobrecida, unilateral, parcial ou falsa. Daí a importância de evitar possíveis distorções da nossa visão de Jesus e de purificar a nossa adesão a ele.
Por outro lado, é pura ilusão pensar que alguém acredita em Jesus Cristo porque “acredita” num dogma ou porque está disposto a acreditar “naquilo que a Santa Madre Igreja acredita”. Na realidade, cada crente acredita naquilo que acredita, isto é, naquilo que descobre pessoalmente no seu seguimento a Jesus Cristo, embora, naturalmente, o faça no seio da comunidade cristã.
Infelizmente, muitos cristãos compreendem e vivem a sua religião de tal forma que provavelmente nunca terão uma experiência vívida de encontro pessoal com Cristo.
Já numa fase muito precoce da sua vida tiveram uma ideia infantil de Jesus, quando talvez ainda não tivessem colocado com suficiente lucidez as questões às quais Cristo pode responder.
Mais tarde, nunca mais reconsideraram a sua fé em Jesus Cristo, seja porque a consideram algo trivial e sem importância para as suas vidas, seja porque não ousam examiná-la com seriedade e rigor, seja porque se contentam em preservá-la de uma forma maneira indiferente e apática, sem qualquer eco em seu ser.
Infelizmente eles não suspeitam do que Jesus poderia ser para eles. Marcel Légaut escreveu esta frase dura, mas talvez muito real: “Esses cristãos ignoram quem é Jesus e estão condenados pela sua própria religião a nunca descobri-lo”.
21 Tempo Comum – A
(Mateus 16,13-20)
27 de agosto
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook