Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 28 de dezembro de 2024

“Deixar Jesus entrar em nossa casa”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Então (Jesus) foi com eles para Nazaré e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, guardava todas essas coisas em seu coração. Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.”  (Lc 2, 51-52)

 

Festa da Sagrada Família

 

Abaixo, uma ótima reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 2,41-52 (O Menino Jesus no templo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

18 Dezembro 2024

Deixar Jesus entrar em nossa casa

Precisamos, antes de mais, procurar, cuidar e desenvolver um projeto saudável, digno e feliz de família que possa traduzir-se na vida concreta de cada lar. Jesus, acolhido com fé e convicção em nossa família, pode nos ajudar a corrigir e melhorar o nosso modo de viver e pode nos mostrar um novo caminho mais digno de seguidores do Seu Evangelho.

Deixar Jesus entrar em nossa casa significa enraizar a família com mais verdade, mais paixão e mais foco em sua pessoa, sua mensagem e seu projeto do reino de Deus. Muitas coisas serão feitas nos próximos anos para reavivar nossas famílias, mas nada mais decisivo do que colocar Jesus no centro do lar, confiando na sua promessa: “Onde dois ou três se reúnem em meu nome, aí estou eu” (Mateus 18,20). Vocês não estão sozinhos. No centro da sua casa está Jesus. Ele vos reúne, encoraja e sustenta. Com Jesus tudo é possível.

Acolher Jesus em casa é tarefa de uma vida inteira. Primeiro, aprender a viver em casa com um coração novo e um espírito renovador. Isso significa começar a viver um novo relacionamento com Jesus, uma adesão mais viva. Uma família formada por cristãos que mal conhecem Jesus, que só o confessam de vez em quando e de forma abstrata, que nunca lêem o evangelho, que se relacionam com um Jesus mudo do qual não ouvem nada de especial, nada de interesse para o homem e a mulher de hoje, um Jesus apagado que não atrai nem seduz, que não toca os corações ... , é uma família que dificilmente poderá sentir sua força renovadora.

Se ignorarmos Jesus e não soubermos sua mensagem, não poderemos orientar nossa vida familiar a partir do Seu Evangelho. Se não soubermos olhar o mundo, a vida, as pessoas, os filhos, os problemas... com os olhos com que Jesus olhava, diremos que contamos com a luz privilegiada da revelação, mas seremos uma família cega que não sabe olhar a vida como Jesus a olhava. E se não ouvirmos o sofrimento das pessoas com a atenção, sensibilidade e compaixão com que Jesus escutava aqueles que encontrava sofrendo no seu caminho, seremos famílias surdas. E se não sintonizarmos com o estilo de vida de Jesus, com a sua paixão por fazer um mundo mais justo, com a sua ternura para com as crianças, com o seu perdão para com os desprezados... , não saberemos transmitir o melhor que Jesus transmitia, o mais valioso, o mais atraente: Sua Boa Nova.

É sobre viver em nossas famílias esta experiência: caminhar os próximos anos para um novo nível de convivência familiar, mais inspirado e motivado por Jesus, e para uma dinâmica e um estilo de vida melhor orientados para abrir caminhos para o reino de Deus, isto é, para esse novo mundo mais humano e feliz que o Pai quer para todos, começando pelos últimos. Após vinte séculos de cristianismo, as famílias cristãs precisam de um "coração novo" para viver e comunicar a Boa Nova do Deus revelado em Jesus no meio da sociedade atual. O decisivo é não nos resignarmos a viver hoje em família sem Jesus.

Sagrada Família – C

(Lucas 2,41-52)

29 de dezembro

Fonte: Facebook

domingo, 22 de dezembro de 2024

“Acreditar é outra coisa”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.”  (Lc 1, 45)

4º Domingo de Advento

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 1,39-45 (Maria visita Isabel). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Dezembro 2024

Acreditar é outra coisa

Vivemos numa época em que cada vez mais a única forma de acreditar verdadeiramente será reconhecer que as pessoas aprendem a acreditar todas do seu próprio modo. O grande John Henry Newman já anunciava esta situação quando advertia que uma fé passiva, herdada e inconsiderado terminaria em “indiferença” entre as pessoas cultas, e em “superstição” entre as pessoas simples. É bom recordar alguns aspectos essenciais da fé.

A fé é sempre uma experiência pessoal. Não é suficiente acreditar no que os outros nos pregam sobre Deus. Em última análise, cada pessoa só acredita naquilo que realmente acredita no fundo do seu coração diante de Deus, e não no que ouve os outros dizerem. Para acreditar em Deus é necessário passar de uma fé passiva, infantil e herdada, para uma fé mais responsável e pessoal. Esta é a primeira pergunta: acredito em Deus ou naqueles que me falam dele?

Na fé nem tudo é igual. É preciso saber diferenciar o que é essencial e o que é acessório, e, passados ​​vinte séculos, há muito acessório no nosso cristianismo. A fé de quem confia em Deus está além das palavras, das discussões teológicas e das normas eclesiásticas. O que define um cristão não é ser virtuoso ou observador, mas sim viver confiando num Deus próximo por quem se sente amado sem condições. Esta pode ser a segunda pergunta: confio em Deus ou fico preso em outras questões secundárias?

Na fé, o importante não é afirmar que se acredita em Deus, mas saber em que Deus se acredita. Nada é mais decisivo do que a ideia que cada um tem um Deus. Se eu acreditar em um Deus autoritário e justo acabarei tentando dominar e julgar a todos. Se eu acredito em um Deus que é amor e perdão viverei amando e perdoando. Esta pode ser a questão: em que Deus acredito: num Deus que responde às minhas ambições e interesses ou no Deus vivo revelado em Jesus?

A fé, por outro lado, não é uma espécie de “capital” que recebemos no batismo e que podemos usar para o resto da vida.

A fé é uma atitude viva que nos mantém atentos a Deus, abertos todos os dias ao seu mistério de proximidade e de amor a cada ser humano.


Maria é o melhor modelo desta fé viva e confiante. A mulher que sabe ouvir Deus no fundo do coração e vive aberta aos seus planos de salvação. Sua prima Isabel a elogia com estas palavras memoráveis: “Bem-aventurada és tu que acreditara!” Bem-aventurado você também se aprender a acreditar. 

É a melhor coisa que pode acontecer com você na vida.

 

   4 Advento - C

(Lucas 1:39-45)

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 14 de dezembro de 2024

“O que devemos fazer?” – Reflexão de José Antonio Pagola.

E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira.” (Lc 3, 10-11)

3º Domingo de Advento

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lc 3,10-18 (A mensagem de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

11 Dezembro 2024

O que devemos fazer?

Apesar de toda a informação oferecida pelos meios de comunicação, é difícil tomarmos consciência de que vivemos numa espécie de “ilha de abundância”, no meio de um mundo em que mais de um terço da humanidade vive na miséria. No entanto, leva apenas algumas horas para voar em qualquer direção e encontrar fome e destruição.

Esta situação só tem um nome: injustiça. E só admite uma explicação: a inconsciência. Como podemos sentir-nos humanos quando a poucos quilômetros de nós – o que, em suma, são seis mil quilômetros – existem seres humanos que não têm casa nem terra para viver? homens e mulheres que passam o dia procurando o que comer; crianças que não conseguirão mais superar a desnutrição?

Nossa primeira reação é quase sempre a mesma: “Mas nós, o que podemos fazer diante de tanta miséria?” Enquanto nos fazemos perguntas deste tipo, sentimo-nos mais ou menos calmos. E vêm as justificativas habituais: não é fácil estabelecer uma ordem internacional mais justa; A autonomia de cada país deve ser respeitada; é difícil garantir canais eficazes de distribuição de alimentos; ainda mais para mobilizar um país para sair da miséria.

Mas tudo isto desmorona quando ouvimos uma resposta direta, clara e prática, como a recebida do Baptista por aqueles que lhe perguntam o que devem fazer para “preparar o caminho para o Senhor”. O profeta do deserto responde-lhes com brilhante simplicidade: «Quem tem duas túnicas, dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tiver que comer faça o mesmo.

É aqui que terminam todas as nossas teorias e justificativas. O que podemos fazer? Simplesmente não acumulemos mais do que precisamos enquanto há pessoas que precisam disso para viver. Não continuemos a desenvolver o nosso bem-estar sem limites, esquecendo aqueles que morrem de fome. O verdadeiro progresso não consiste em uma minoria alcançar um bem-estar material cada vez maior, mas em toda a humanidade viver com mais dignidade e menos sofrimento.

Há alguns anos estive em Butare (Ruanda) no Natal, ministrando um curso de Cristologia para missionários espanhóis. Certa manhã, uma freira navarra chegou dizendo que, ao sair de casa, havia encontrado uma criança morrendo de fome. Conseguiram constatar que ela não tinha nenhuma doença grave, apenas desnutrição. Ela foi uma dos muitos órfãos ruandeses que lutam todos os dias para sobreviver. Lembro-me de pensar apenas uma coisa. Jamais esquecerei: podemos nós, cristãos do Ocidente, acolher individualmente a criança de Belém, enquanto fechamos os nossos corações a estas crianças do Terceiro Mundo?

3 Advento – C

(Lucas 3,10-18)

15 de dezembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 7 de dezembro de 2024

“Abrir caminhos para Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Ele (João)  percorreu toda a região próxima ao Jordão, pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.    (Lc 3, 3)

Abaixo, uma reflexão muito interessante, baseada no texto bíblico Lc 3, 1-6 (A pregação de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena conferir.

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

04 Dezembro 2024

Abrir caminhos para Deus

João grita muito. Ele faz isso porque vê as pessoas dormindo e quer acordá-las, vê-as entorpecidas e quer acender em seus corações a fé em um Deus Salvador. O seu grito concentra-se num apelo: “Preparai o caminho do Senhor”. Como abrir caminhos para Deus? Como podemos abrir mais espaço para isso em nossas vidas?

Pesquisa pessoal. > Para muitos, Deus está hoje envolto em todo tipo de preconceitos, dúvidas, más lembranças de infância ou experiências religiosas negativas. Como descobrir? O importante é não pensar na Igreja, nos padres ou na missa. A primeira coisa é buscar o Deus vivo, que se revela a nós em Jesus Cristo. Deus deixa-se encontrar por quem o procura.

Atenção interior. > Para abrir o caminho para Deus é necessário descer ao fundo do coração. É difícil para aqueles que não buscam Deus dentro de si e procuram encontrá-lo fora. Dentro de nós encontraremos medos, questionamentos, desejos, vazios...  Não importa. Deus está lá. Ele nos criou com um coração que não descansará exceto nele.

Com um coração sincero. > O que nos aproxima do mistério de Deus é viver na verdade, não nos enganar, reconhecer os nossos erros. O encontro com Deus ocorre quando nasce de dentro esta oração: “Ó Deus, tem piedade de mim, porque sou pecador”. Esta é a melhor maneira de recuperar a paz e a alegria interior.

Numa atitude confiante. > O medo fecha o caminho para Deus para muitos. Eles têm medo de conhecê-lo: só pensam em seu julgamento e em possíveis punições. Não acreditam plenamente que Deus é só amor e que, mesmo quando julga os seres humanos, o faz com amor infinito. Despertar a confiança neste amor é começar a viver de uma forma nova e alegre com Deus.

Caminhos diferentes. > Cada um tem que fazer a sua jornada. Deus acompanha todos nós. Ele não abandona ninguém, principalmente quando está perdido. O importante é não perder o desejo humilde por Deus. Quem continua a confiar, quem de alguma forma quer acreditar, já é um “crente” diante daquele Deus que conhece profundamente o coração de cada pessoa.

2 Advento – C

(Lucas 3:1-6)

8 de dezembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 30 de novembro de 2024

“Sem matar a esperança”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar. E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia!” (Lc 21, 33-34)

1º Domingo de Advento

A reflexão  de hoje tem como a base o texto bíblico Lucas 21,25-28;34-36 (Ser Vigilante).     O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.  Foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 Novembro 2024

SEM MATAR A ESPERANÇA

Jesus foi um incansável criador de esperança. Toda a sua existência consistiu em difundir aos outros a esperança que ele próprio vivia no mais profundo do seu ser. Hoje ouvimos o seu grito de advertência: “Levantai-vos, levantai a cabeça; sua libertação está se aproximando. Mas tenha cuidado: não deixe sua mente ficar entorpecida com vícios, bebidas e preocupações com dinheiro”.

As palavras de Jesus não perderam relevância, porque ainda hoje continuamos a matar a esperança e a estragar a vida de muitas maneiras. Não pensemos naqueles que, independentemente de toda a fé, vivem segundo o “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”, mas naqueles que, chamando-se cristãos, podem cair numa atitude não muito diferente: "Comamos e bebamos, porque amanhã virá o Messias."

Quando numa sociedade o objetivo quase único da vida é a satisfação cega dos desejos e cada pessoa se fecha no seu próprio gozo, a esperança morre aí.

Os satisfeitos não procuram nada realmente novo. Eles não trabalham para mudar o mundo. Eles não estão interessados ​​em um futuro melhor. Não se rebelam contra as injustiças, os sofrimentos e os absurdos do mundo atual. Na realidade, este mundo é para eles “o céu” ao qual aspirariam para sempre. Eles podem se dar ao luxo de não esperar nada melhor.

Como é sempre tentador adaptar-se à situação, instalar-se confortavelmente no nosso pequeno mundo e viver em paz, sem grandes aspirações. Quase inconscientemente, temos a ilusão de sermos capazes de alcançar a nossa própria felicidade sem mudar em nada o mundo. Mas não esqueçamos: “Só quem fecha os olhos e os ouvidos, só quem ficou insensível, pode sentir-se à vontade num mundo como este” (R. A. Alves).

Quem ama verdadeiramente a vida e se sente solidário com todos os seres humanos sofre ao ver que a grande maioria ainda não consegue viver dignamente. Esse sofrimento é um sinal de que ainda estamos vivos e conscientes de que algo está errado. Devemos continuar buscando o reino de Deus e sua justiça.

1 Advento – C

(Lucas 21,25-28;34-36)

1º de dezembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook