“Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.” (Lc 1, 45)
4º Domingo de Advento
Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 1,39-45 (Maria visita Isabel). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
12 Dezembro 2024
Acreditar é outra coisa
Vivemos numa época em que cada vez mais a única forma de acreditar verdadeiramente será reconhecer que as pessoas aprendem a acreditar todas do seu próprio modo. O grande John Henry Newman já anunciava esta situação quando advertia que uma fé passiva, herdada e inconsiderado terminaria em “indiferença” entre as pessoas cultas, e em “superstição” entre as pessoas simples. É bom recordar alguns aspectos essenciais da fé.
A fé é sempre uma experiência pessoal. Não é suficiente acreditar no que os outros nos pregam sobre Deus. Em última análise, cada pessoa só acredita naquilo que realmente acredita no fundo do seu coração diante de Deus, e não no que ouve os outros dizerem. Para acreditar em Deus é necessário passar de uma fé passiva, infantil e herdada, para uma fé mais responsável e pessoal. Esta é a primeira pergunta: acredito em Deus ou naqueles que me falam dele?
Na fé nem tudo é igual. É preciso saber diferenciar o que é essencial e o que é acessório, e, passados vinte séculos, há muito acessório no nosso cristianismo. A fé de quem confia em Deus está além das palavras, das discussões teológicas e das normas eclesiásticas. O que define um cristão não é ser virtuoso ou observador, mas sim viver confiando num Deus próximo por quem se sente amado sem condições. Esta pode ser a segunda pergunta: confio em Deus ou fico preso em outras questões secundárias?
Na fé, o importante não é afirmar que se acredita em Deus, mas saber em que Deus se acredita. Nada é mais decisivo do que a ideia que cada um tem um Deus. Se eu acreditar em um Deus autoritário e justo acabarei tentando dominar e julgar a todos. Se eu acredito em um Deus que é amor e perdão viverei amando e perdoando. Esta pode ser a questão: em que Deus acredito: num Deus que responde às minhas ambições e interesses ou no Deus vivo revelado em Jesus?
A fé, por outro lado, não é uma espécie de “capital” que recebemos no batismo e que podemos usar para o resto da vida.
A fé é uma atitude viva que nos mantém atentos a Deus, abertos todos os dias ao seu mistério de proximidade e de amor a cada ser humano.
Maria é o melhor modelo desta fé viva e confiante. A mulher que sabe ouvir Deus no fundo do coração e vive aberta aos seus planos de salvação. Sua prima Isabel a elogia com estas palavras memoráveis: “Bem-aventurada és tu que acreditara!” Bem-aventurado você também se aprender a acreditar.
É a melhor coisa que pode acontecer com você na vida.
4 Advento - C
(Lucas 1:39-45)
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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