Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 22 de dezembro de 2024

“Acreditar é outra coisa”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.”  (Lc 1, 45)

4º Domingo de Advento

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 1,39-45 (Maria visita Isabel). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Dezembro 2024

Acreditar é outra coisa

Vivemos numa época em que cada vez mais a única forma de acreditar verdadeiramente será reconhecer que as pessoas aprendem a acreditar todas do seu próprio modo. O grande John Henry Newman já anunciava esta situação quando advertia que uma fé passiva, herdada e inconsiderado terminaria em “indiferença” entre as pessoas cultas, e em “superstição” entre as pessoas simples. É bom recordar alguns aspectos essenciais da fé.

A fé é sempre uma experiência pessoal. Não é suficiente acreditar no que os outros nos pregam sobre Deus. Em última análise, cada pessoa só acredita naquilo que realmente acredita no fundo do seu coração diante de Deus, e não no que ouve os outros dizerem. Para acreditar em Deus é necessário passar de uma fé passiva, infantil e herdada, para uma fé mais responsável e pessoal. Esta é a primeira pergunta: acredito em Deus ou naqueles que me falam dele?

Na fé nem tudo é igual. É preciso saber diferenciar o que é essencial e o que é acessório, e, passados ​​vinte séculos, há muito acessório no nosso cristianismo. A fé de quem confia em Deus está além das palavras, das discussões teológicas e das normas eclesiásticas. O que define um cristão não é ser virtuoso ou observador, mas sim viver confiando num Deus próximo por quem se sente amado sem condições. Esta pode ser a segunda pergunta: confio em Deus ou fico preso em outras questões secundárias?

Na fé, o importante não é afirmar que se acredita em Deus, mas saber em que Deus se acredita. Nada é mais decisivo do que a ideia que cada um tem um Deus. Se eu acreditar em um Deus autoritário e justo acabarei tentando dominar e julgar a todos. Se eu acredito em um Deus que é amor e perdão viverei amando e perdoando. Esta pode ser a questão: em que Deus acredito: num Deus que responde às minhas ambições e interesses ou no Deus vivo revelado em Jesus?

A fé, por outro lado, não é uma espécie de “capital” que recebemos no batismo e que podemos usar para o resto da vida.

A fé é uma atitude viva que nos mantém atentos a Deus, abertos todos os dias ao seu mistério de proximidade e de amor a cada ser humano.


Maria é o melhor modelo desta fé viva e confiante. A mulher que sabe ouvir Deus no fundo do coração e vive aberta aos seus planos de salvação. Sua prima Isabel a elogia com estas palavras memoráveis: “Bem-aventurada és tu que acreditara!” Bem-aventurado você também se aprender a acreditar. 

É a melhor coisa que pode acontecer com você na vida.

 

   4 Advento - C

(Lucas 1:39-45)

José Antonio Pagola

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Fonte: Facebook

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