3º Domingo de Advento
Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lc 3,10-18 (A mensagem de João Batista). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
11 Dezembro 2024
O que devemos fazer?
Apesar de toda a informação oferecida pelos meios de comunicação, é difícil tomarmos consciência de que vivemos numa espécie de “ilha de abundância”, no meio de um mundo em que mais de um terço da humanidade vive na miséria. No entanto, leva apenas algumas horas para voar em qualquer direção e encontrar fome e destruição.
Esta situação só tem um nome: injustiça. E só admite uma explicação: a inconsciência. Como podemos sentir-nos humanos quando a poucos quilômetros de nós – o que, em suma, são seis mil quilômetros – existem seres humanos que não têm casa nem terra para viver? homens e mulheres que passam o dia procurando o que comer; crianças que não conseguirão mais superar a desnutrição?
Nossa primeira reação é quase sempre a mesma: “Mas nós, o que podemos fazer diante de tanta miséria?” Enquanto nos fazemos perguntas deste tipo, sentimo-nos mais ou menos calmos. E vêm as justificativas habituais: não é fácil estabelecer uma ordem internacional mais justa; A autonomia de cada país deve ser respeitada; é difícil garantir canais eficazes de distribuição de alimentos; ainda mais para mobilizar um país para sair da miséria.
Mas tudo isto desmorona quando ouvimos uma resposta direta, clara e prática, como a recebida do Baptista por aqueles que lhe perguntam o que devem fazer para “preparar o caminho para o Senhor”. O profeta do deserto responde-lhes com brilhante simplicidade: «Quem tem duas túnicas, dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tiver que comer faça o mesmo.
É aqui que terminam todas as nossas teorias e justificativas. O que podemos fazer? Simplesmente não acumulemos mais do que precisamos enquanto há pessoas que precisam disso para viver. Não continuemos a desenvolver o nosso bem-estar sem limites, esquecendo aqueles que morrem de fome. O verdadeiro progresso não consiste em uma minoria alcançar um bem-estar material cada vez maior, mas em toda a humanidade viver com mais dignidade e menos sofrimento.
Há alguns anos estive em Butare (Ruanda) no Natal, ministrando um curso de Cristologia para missionários espanhóis. Certa manhã, uma freira navarra chegou dizendo que, ao sair de casa, havia encontrado uma criança morrendo de fome. Conseguiram constatar que ela não tinha nenhuma doença grave, apenas desnutrição. Ela foi uma dos muitos órfãos ruandeses que lutam todos os dias para sobreviver. Lembro-me de pensar apenas uma coisa. Jamais esquecerei: podemos nós, cristãos do Ocidente, acolher individualmente a criança de Belém, enquanto fechamos os nossos corações a estas crianças do Terceiro Mundo?
3 Advento – C
(Lucas 3,10-18)
15 de dezembro
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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