Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 31 de agosto de 2024

“Uma religião vazia de Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Jesus respondeu: Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: <Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos>. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.”  (Mc 7, 6-8)

Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Marcos 7,1-8.14-15.21-23 (Jesus e a tradição dos judeus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


Por José Antonio Pagola

28 Agosto 2024

UMA RELIGIÃO VAZIA DE DEUS

Os cristãos da primeira e da segunda gerações lembravam-se de Jesus não tanto como um homem religioso, mas como um profeta que denunciava com ousadia os perigos e as armadilhas de todas as religiões. Acima de tudo, não se tratava de uma observância piedosa, mas antes de uma busca apaixonada pela vontade de Deus.

Marcos, o evangelho mais antigo e direto, apresenta Jesus em conflito com os setores mais piedosos da sociedade judaica. Entre as suas críticas mais radicais, duas devem ser destacadas: o escândalo de uma religião vazia de Deus e o pecado de substituir a vontade de Deus por “tradições humanas” ao serviço de outros interesses.

Jesus cita o profeta Isaías: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” A adoração que me prestam é vazia, porque a doutrina que ensinam são preceitos humanos. Depois ele denuncia em termos claros onde está a armadilha: “Vocês deixaram de lado o mandamento de Deus para se apegarem à tradição dos homens”.

Este é o grande pecado. Uma vez estabelecidas as nossas normas e tradições, colocamo-las no lugar que só Deus deveria ocupar. Colocamo-las acima até da sua vontade: a menor prescrição não deve ser ignorada, mesmo que vá contra o amor e prejudique as pessoas.

Nessa religião, o que importa não é Deus, mas outros tipos de interesses. Deus é honrado com os lábios, mas o coração está longe dele; um credo obrigatório é pronunciado, mas acredita-se no que é apropriado; realizam-se ritos, mas não há obediência a Deus, mas sim aos homens.

Aos poucos nos esquecemos de Deus e depois esquecemos que o esquecemos. Menosprezamos o evangelho para não termos que nos converter muito. Direcionamos a vontade de Deus para aquilo que nos interessa e esquecemos a sua exigência absoluta de amor.

Este pode ser o nosso pecado hoje. Apegar-nos como que por instinto a uma religião desgastada e sem poder de transformar nossas vidas. Continuamos honrando a Deus apenas com os lábios. Resistimos à conversão e vivemos esquecidos do projeto de Jesus: a construção de um mundo novo segundo o coração de Deus.

22 Tempo Comum – B

(Marcos 7:1-8:14-15:21-23)

1º de setembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 24 de agosto de 2024

“E você, quer ir embora também?”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?  Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”.  (Jo 6, 66-68)

 

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico João 6,60-69 (Só Jesus tem palavras de vida). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

22 Agosto 2024

E VOCÊ, QUER IR EMBORA TAMBÉM?

O mundo em que vivemos não pode mais ser considerado cristão. As novas gerações não aceitam facilmente a visão de vida que antes era transmitida de pais para filhos através da autoridade. As ideias e orientações que predominam na cultura moderna estão longe da inspiração cristã. Vivemos numa era “pós-cristã”.

Isto significa que a fé não é mais “algo evidente e natural”. O Cristianismo está sujeito a um exame crítico cada vez mais implacável. São muitos os que neste contexto se sentem abalados pela dúvida, e não são poucos os que, deixando-se levar pelas correntes do momento, abandonam tudo.

Uma fé travada em tantas frentes não pode ser vivida como era há alguns anos. O crente não pode mais confiar na cultura ou nas instituições ambientais. A fé dependerá cada vez mais da decisão pessoal de cada pessoa. Um cristão será alguém que tomou a decisão consciente de aceitar e seguir Jesus Cristo. Este é talvez o fato mais decisivo no momento religioso que a Europa (e o mundo) vive hoje: passa do cristianismo de nascimento para o cristianismo por decisão.

Agora, a pessoa precisa contar com algum tipo de experiência positiva para tomar uma decisão tão importante. A experiência está se tornando uma espécie de critério de autenticidade e um fator fundamental para decidir o rumo da vida. Isto significa que, no futuro, a experiência religiosa será cada vez mais importante para fundar a fé. Aquele que experimenta que Deus lhe faz o bem e que Jesus Cristo o ajuda a viver será um crente.

A história do evangelho de João é mais significativa hoje do que nunca. A certa altura, muitos discípulos de Jesus duvidam e recuam. Então Jesus diz aos Doze: “Vocês também querem ir embora?” Simão Pedro responde-lhe em nome de todos a partir de uma experiência básica: «Senhor, a quem vamos recorrer? Você tem palavras de vida eterna. "Acreditamos." Muitos hoje se movem num estado intermediário entre o cristianismo tradicional e um processo de descristianização. Não é bom viver na ambiguidade. É necessário tomar uma decisão com base na sua própria experiência. E você, quer ir embora também?

21 Tempo Comum – B

(João 6,60-69)

25 de agosto

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 17 de agosto de 2024

“Comunicar-se com Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim".  (Jo 6,56-57)

 

Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico João 6,51-58 (Permanecer no amor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

15 Agosto 2024

COMUNICAR-SE COM JESUS

"Bem-aventurados os chamados à Ceia do Senhor." Assim diz o sacerdote ao mostrar a todo o povo o pão eucarístico antes de iniciar a sua distribuição. Que eco têm estas palavras em quem as ouve hoje?

Muitos, sem dúvida, sentem-se felizes por poder entrar em comunhão para encontrar Cristo e alimentar a sua vida e a sua fé Nele. Muitos levantam-se automaticamente para mais uma vez realizar um gesto rotineiro e sem vida. Um número significativo de pessoas não se sente chamado a participar e não sente qualquer insatisfação por isso.

E, no entanto, a comunhão pode ser para o cristão o gesto mais importante e central de toda a semana, se for vivido com toda a sua expressividade e dinamismo.

A preparação começa com o canto ou recitação do Pai Nosso. Cada um de nós não se prepara individualmente para a sua própria comunhão. Comungamos, formando uma família que, acima das tensões e das diferenças, quer viver fraternalmente, invocando o mesmo Pai e encontrando-nos todos no mesmo Cristo.

Não se trata de rezar um “Pai Nosso” dentro da missa. Esta oração adquire neste momento uma profundidade especial. O gesto do sacerdote, com as mãos abertas e levantadas, é um convite a adotar uma atitude confiante de invocação. Os pedidos ressoam de forma diferente quando vamos à comunhão: “dê-nos pão” e alimente a nossa vida nesta comunhão; “venha o teu reino” e Cristo - venha a esta comunidade; “Perdoa-nos as nossas ofensas” e prepara-nos para receber o teu Filho...

A preparação continua com o abraço da paz, um gesto sugestivo e poderoso que nos convida a romper o isolamento, a distância e a falta de solidariedade egoísta. O rito, precedido de uma dupla oração de paz, não é simplesmente um gesto de amizade. Expressa o compromisso de viver difundindo “a paz do Senhor”, curando feridas, eliminando o ódio, reavivando o sentido de fraternidade, despertando a solidariedade.

A invocação “Senhor, não sou digno...”, dita com fé humilde e com o desejo de viver mais fielmente a Jesus, é o último gesto antes de se aproximar cantando para receber o Senhor. A mão estendida e aberta exprime a atitude de quem, pobre e indigente, se abre para receber o pão da vida.

O silêncio grato e confiante que nos torna conscientes da proximidade de Cristo e da sua presença viva em nós, a oração de toda a comunidade cristã e a bênção última põem fim à comunhão. A nossa fé não seria reafirmada se conseguíssemos levar a comunhão mais profundamente?

20 Tempo Comum – B

(João 6:51-58)

18 de agosto

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook