‘E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6,35)
Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Jo 6, 24-35 (Jesus, o pão da vida). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
01 Agosto 2024
NOSTALGIA DE ETERNIDADE
Quando observamos que os anos deterioram a nossa saúde e que também nos aproximamos do fim dos nossos dias, algo se rebela dentro de nós. Por que temos que morrer, se do fundo do nosso ser algo nos diz que fomos feitos para viver?
A lembrança de que nossa vida está sendo vivida dia após dia sem parar suscita em nós um sentimento de desamparo e tristeza. A vida deveria ser mais bonita para todos, mais alegre, mais longa. No fundo, todos ansiamos por uma vida feliz e eterna.
O ser humano sempre sentiu saudade da eternidade. Existem os poetas de todos os povos cantando sobre a transitoriedade da vida, ou os grandes artistas tentando deixar uma obra imortal para a posteridade, ou simplesmente os pais querendo perpetuar-se nos seus filhos mais queridos.
Aparentemente, hoje as coisas mudaram. Os artistas afirmam não pretender trabalhar pela imortalidade, mas apenas pelos tempos. A vida está mudando tão rapidamente que os pais têm dificuldade em se reconhecer nos filhos. Porém, a nostalgia da eternidade ainda está viva, embora talvez se manifeste de forma mais ingênua.
Hoje tentamos por todos os meios parar o tempo adorando os jovens. O homem moderno não acredita na eternidade e por isso se esforça para eternizar um momento privilegiado de sua vida atual. Não é difícil perceber como o horror do envelhecimento e o desejo de se apegar à juventude levam por vezes a comportamentos que beiram o ridículo.
Os crentes são por vezes ridicularizados ao dizerem que, por medo da morte, inventam um céu onde inconscientemente projetam os seus desejos para a eternidade. E quase ninguém critica este neo-romantismo moderno daqueles que inconscientemente procuram estabelecer-se numa “eterna juventude”.
Quando o ser humano busca a eternidade, não pensa em se estabelecer na terra de uma forma um pouco mais confortável para prolongar ao máximo sua vida. O que você deseja não é perpetuar para sempre aquela mistura de alegrias e sofrimentos, sucessos e decepções que você já conhece, mas encontrar uma vida de qualidade definitiva que responda plenamente à sua sede de felicidade.
O evangelho nos convida a “trabalhar pelo alimento que não perece, mas permanece, dando a vida eterna”. O crente preocupa-se em nutrir o que há de eterno nele, enraizando a sua vida num Deus que vive para sempre e num amor “mais forte que a morte”.
18 Tempo Comum – B
(João 6,24-35)
4 de agosto
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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