Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de novembro de 2024

“Sem matar a esperança”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar. E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia!” (Lc 21, 33-34)

1º Domingo de Advento

A reflexão  de hoje tem como a base o texto bíblico Lucas 21,25-28;34-36 (Ser Vigilante).     O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.  Foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 Novembro 2024

SEM MATAR A ESPERANÇA

Jesus foi um incansável criador de esperança. Toda a sua existência consistiu em difundir aos outros a esperança que ele próprio vivia no mais profundo do seu ser. Hoje ouvimos o seu grito de advertência: “Levantai-vos, levantai a cabeça; sua libertação está se aproximando. Mas tenha cuidado: não deixe sua mente ficar entorpecida com vícios, bebidas e preocupações com dinheiro”.

As palavras de Jesus não perderam relevância, porque ainda hoje continuamos a matar a esperança e a estragar a vida de muitas maneiras. Não pensemos naqueles que, independentemente de toda a fé, vivem segundo o “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”, mas naqueles que, chamando-se cristãos, podem cair numa atitude não muito diferente: "Comamos e bebamos, porque amanhã virá o Messias."

Quando numa sociedade o objetivo quase único da vida é a satisfação cega dos desejos e cada pessoa se fecha no seu próprio gozo, a esperança morre aí.

Os satisfeitos não procuram nada realmente novo. Eles não trabalham para mudar o mundo. Eles não estão interessados ​​em um futuro melhor. Não se rebelam contra as injustiças, os sofrimentos e os absurdos do mundo atual. Na realidade, este mundo é para eles “o céu” ao qual aspirariam para sempre. Eles podem se dar ao luxo de não esperar nada melhor.

Como é sempre tentador adaptar-se à situação, instalar-se confortavelmente no nosso pequeno mundo e viver em paz, sem grandes aspirações. Quase inconscientemente, temos a ilusão de sermos capazes de alcançar a nossa própria felicidade sem mudar em nada o mundo. Mas não esqueçamos: “Só quem fecha os olhos e os ouvidos, só quem ficou insensível, pode sentir-se à vontade num mundo como este” (R. A. Alves).

Quem ama verdadeiramente a vida e se sente solidário com todos os seres humanos sofre ao ver que a grande maioria ainda não consegue viver dignamente. Esse sofrimento é um sinal de que ainda estamos vivos e conscientes de que algo está errado. Devemos continuar buscando o reino de Deus e sua justiça.

1 Advento – C

(Lucas 21,25-28;34-36)

1º de dezembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 23 de novembro de 2024

“Com verdade”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Solenidade de Cristo Rei.

 

“<Então, você é rei!>, disse Pilatos. Jesus respondeu: <Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem>. (Jo 18, 31)

Solenidade de Cristo Rei

 

Hoje temos uma ótima reflexão para o encerramento do Ano Litúrgico, baseada no texto bíblico João 18. 33-37 (Jesus perante Pilatos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

20 de novembro de 2024

COM VERDADE

É raro que uma pessoa possa viver a vida inteira sem nunca considerar o significado último da existência. Por mais frívolo que seja o fluxo dos seus dias, mais cedo ou mais tarde ocorrem “momentos de ruptura” que podem levantar na pessoa questões fundamentais sobre o problema da vida.

São horas de intensa felicidade que nos obrigam a nos perguntar por que a vida nem sempre é alegria e realização. Momentos de infortúnio que despertam em nós pensamentos sombrios: por que vale a pena viver tanto sofrimento? Momentos de maior lucidez que nos levam às questões fundamentais: quem sou eu? O que é a vida? O que me espera?

Mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, todo mundo acaba um dia pensando no sentido da vida. Tudo pode permanecer aí ou a questão de Deus também pode surgir silenciosamente, mas inevitavelmente. As reações podem então ser muito diversas.

Há quem tenha abandonado há muito tempo, se não a Deus, então um mundo de coisas que tinham relação com Deus: a Igreja, a missa dominical, os dogmas. Aos poucos eles foram abandonando algo que não lhes interessa mais. Com todo este mundo religioso abandonado, o que fazer agora quando confrontado com a questão de Deus?

Outros até abandonaram a ideia de Deus. Eles não precisam disso. Parece inútil e supérfluo para eles. Deus não lhes traria nada de positivo. Pelo contrário, têm a impressão de que isso complicaria a sua existência. Eles aceitam a vida como ela é e continuam seu caminho sem se preocupar muito com o fim.

Outros vivem rodeados de incertezas. Eles não têm certeza de nada: o que significa acreditar em Deus? Como alguém pode se relacionar com ele? Quem sabe alguma coisa sobre essas coisas? Entretanto, Deus não se impõe. Não força de fora com provas ou evidências. Não é revelado de dentro com luzes ou revelações. É só silêncio, oportunidade, convite respeitoso...

A primeira coisa diante de Deus é ser honesto. Não saia por aí evitando a presença dele com abordagens insinceras. Quem se esforça para buscar a Deus com honestidade e verdade não está longe dele. Não devemos esquecer algumas palavras de Jesus que podem iluminar quem vive na incerteza religiosa: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”.

Jesus Cristo, Rei do universo – B

(João 18,33-37)

24 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook 

domingo, 17 de novembro de 2024

“Fazendo as grandes perguntas”. - Reflexão de José Antonio Pagola.

 
Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão". (Mc 13, 31)

Hoje temos uma reflexão muito especial e relevante, que tem como a base o texto bíblico Marcos 13,24-32 (O discurso escatológico). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


 Por José Antonio Pagola

13 Novembro 2024

FAZENDO AS GRANDES PERGUNTAS

O homem contemporâneo não tem mais medo de discursos apocalípticos sobre “o fim do mundo”. Também não se detém para ouvir a mensagem esperançosa de Jesus, que, usando a mesma linguagem, anuncia, no entanto, o nascimento de um mundo novo. O que o preocupa é a “crise ecológica”. Esta não é apenas uma crise do ambiente natural do homem. É uma crise do próprio homem. Uma crise global da vida neste planeta. Crise mortal não só para os seres humanos, mas para outros seres animados que a sofrem há muito tempo.

Pouco a pouco começamos a perceber que entramos num beco sem saída, colocando em crise todo o sistema de vida do mundo. Hoje, “progresso” não é uma palavra de esperança como era no século passado, pois há um medo crescente de que o progresso acabe por servir não só a vida, mas também a morte. A humanidade começa a ter a sensação de que um caminho que leva a uma crise global não pode ser correto, desde a extinção das florestas à propagação das neuroses, da poluição das águas ao “vácuo existencial” de tantos habitantes de cidades populosas.

Para parar o “desastre” é urgente mudar de rumo. Não basta substituir as tecnologias “sujas” por outras “mais limpas” ou a industrialização “selvagem” por uma mais “civilizada”. São necessárias mudanças profundas nos interesses que hoje orientam o desenvolvimento e o progresso das tecnologias. Aqui começa o drama do homem moderno. As sociedades não se mostram capazes de introduzir mudanças decisivas no seu sistema de valores e significados. Os interesses económicos imediatos são mais fortes do que qualquer outra abordagem. É melhor desdramatizar a crise, desqualificar “os quatro exaltados ambientalistas” e encorajar a indiferença.

Não é chegado o momento de nos colocarmos as grandes questões que nos permitirão recuperar o “sentido global” da existência humana na Terra e aprender a viver uma relação mais pacífica entre os homens e com toda a criação?

O que é o mundo? Uma “propriedade sem dono” que nós homens podemos explorar impiedosamente e sem qualquer consideração ou a casa que o Criador nos dá para torná-la cada dia mais habitável? O que é o cosmos? Uma matéria-prima que podemos manipular à vontade ou a criação de um Deus que, através do seu Espírito, vivifica tudo e conduz “os céus e a terra” à sua consumação definitiva?

O que é o homem? Um ser perdido no cosmos, lutando desesperadamente contra a natureza, mas destinado a extinguir-se sem remédio, ou um ser chamado por Deus a viver em paz com a criação, colaborando na orientação inteligente da vida para a sua plenitude no Criador?

33 Tempo Comum – B

(Marcos 13:24-32)

17 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook


sábado, 9 de novembro de 2024

“Neurose de posssuir”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre; porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.” (Mc 12,42-44)

Hoje temos uma excelente reflexão, inspirada no texto bíblico Mc 12,38-44 (A oferta da pobre viúva). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

06 de novembro de 2024

NEUROSE DE POSSUIR

Uma das contribuições mais valiosas do evangelho ao homem contemporâneo é ajudá-lo a viver com um sentido mais humano no meio de uma sociedade doente de “neurose de possessão”.

O modelo de sociedade e de convivência que molda o nosso quotidiano não se baseia no que cada pessoa é, mas no que cada pessoa tem. O importante é “ter” dinheiro, prestígio, poder, autoridade... Quem tem isso avança e tem sucesso na vida. Quem não conseguir nada disso será desclassificado.

Desde os primeiros anos a criança é educada mais para “ter” do que para “ser”. O que importa é que você se treine para amanhã “ter” um cargo, uma renda, um nome, um título. Assim, quase inconscientemente, preparamos as novas gerações para a competição e a rivalidade.

Vivemos num modelo de sociedade que empobrece facilmente as pessoas. A demanda de carinho, ternura e amizade que pulsa em cada ser humano é atendida com objetos. A comunicação é substituída pela posse de coisas.

As pessoas se acostumam a se valorizar pelo que têm. E, desta forma, correm o risco de se tornarem incapazes do amor, da ternura, do serviço generoso, da ajuda solidária, do sentido livre da vida. Esta sociedade não ajuda a crescer na amizade, na solidariedade e na preocupação pelos direitos dos outros.

 É por isso que o convite de Jesus a valorizar a pessoa a partir da sua capacidade de serviço e de solidariedade assume especial relevância nos nossos dias. A grandeza de uma vida é medida, em última análise, não pelo conhecimento que se possui, nem pelos bens que se conseguiu acumular, nem pelo sucesso que se conseguiu alcançar, mas pela capacidade de servir e ajudar os outros a viver de forma mais humana.

Quantas pessoas humildes, como a viúva do Evangelho, contribuem mais para a humanização da nossa sociedade com a sua vida simples de solidariedade e ajuda generosa aos necessitados do que muitos protagonistas da vida social, política ou religiosa, hábeis defensores dos seus interesses, seu protagonismo e sua posição.

32 Tempo Comum – B

(Marcos 12:38-44)

10 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook


sábado, 2 de novembro de 2024

“Primeiro de todos”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes”. (Mc 12, 29-31)

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Marcos 12,28-34 (O mandamento mais importante). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena conferir!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

30 de outubro de 2024

Primeiro de todos

Poucas experiências cristãs são mais alegres do que encontrar de repente uma palavra de Jesus que ilumina o mais profundo do nosso ser com uma luz nova e intensa. Esta é a resposta àquele escriba que pergunta: “Qual mandamento é o primeiro de todos?”

Jesus não hesita. A primeira coisa é amar. Não há nada mais decisivo do que amar a Deus de todo o coração e amar os outros como amamos a nós mesmos. O amor sempre tem a última palavra. Está claro. O amor é o que verdadeiramente justifica a nossa existência. A seiva da vida. O segredo final da nossa felicidade. A chave da nossa vida pessoal e social.

É assim. Pessoas de grande inteligência, com uma capacidade de trabalho surpreendente, de uma eficiência surpreendente nos vários campos da vida, acabam por ser seres medíocres, vazios e frios quando se fecham à fraternidade e se tornam incapazes de amor, de ternura ou de solidariedade.

Pelo contrário, homens e mulheres de possibilidades aparentemente muito limitadas, pouco dotados para grandes sucessos, muitas vezes acabam por irradiar ao seu redor uma vida autêntica simplesmente porque correm o risco de renunciar aos seus interesses egoístas e são capazes de viver com generosidade atenta para com os outros.

Acredite ou não, dia após dia vamos construindo em cada um de nós um pequeno monstro de egoísmo, frieza e insensibilidade para com os outros ou um pequeno prodígio de ternura, fraternidade e solidariedade com os necessitados. Quem pode nos libertar daquela incrível preguiça de amar generosamente e daquele egoísmo que se aninha no fundo do nosso ser?

O amor não é improvisado, nem inventado, nem fabricado de forma alguma. O amor é acolhido, aprendido e difundido. Uma maior atenção ao amor de Deus revelado em Jesus, uma escuta mais profunda do Evangelho e uma maior abertura ao seu Espírito podem fazer emergir gradualmente do nosso ser possibilidades de amor das quais hoje nem sequer suspeitamos.

31 Tempo Comum – B

(Marcos 12:28-34)

3 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook